Moura Guedes diz que Sócrates é "psicopata" e acusa Ministério Público e Supremo de o protegerem
A ex-jornalista Manuela Moura Guedes acusou, na terça-feira, o ex-primeiro-ministro José Sócrates de tentar silenciá-la politicamente, manipulando órgãos de soberania, influenciando a Justiça e controlando parte da comunicação social durante o seu Governo. Entre várias críticas, Moura Guedes foi mais longe e traçou um perfil do antigo governante, dizendo que, na sua opinião, Sócrates "é um psicopata".
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Numa entrevista à SIC, a propósito do regresso da Operação Marquês, Manuela Moura Guedes - que, segundo disse, está afastada do jornalismo desde 2009 - admitiu ter ficado contente aquando da detenção de Sócrates, por achar que nunca se faria justiça. "Depois, confesso que demorou tanto tempo, mas não por culpa dos órgãos judiciais, da polícia, mas sim por culpa do próprio arguido, do próprio ex-primeiro-ministro, que utiliza todos os meios de que a lei faculta para ir protelando e atrasando o julgamento", referiu.
A ex-jornalista afirmou ainda que alguém verdadeiramente inocente procura ser julgado rapidamente, o que, segundo ela, não é o caso de Sócrates, que tem feito de tudo para evitar o julgamento. "Alguém que se diz inocente, quando quer provar que é inocente, quer ser julgado, e ele fez tudo até agora, e continua a fazer, para não provar essa inocência", frisou.
Manuel Moura Guedes acusou ainda o ex-primeiro-ministro de fazer "espetáculo" dentro e fora do tribunal, de se portar mal e de insultar quem não concorda com ele. "Eu penso que ele tenta distrair a opinião pública daquilo que é essencial. Insultando toda a gente, e contestando sempre quem não está de acordo com ele, acusando de perseguição. Normalmente, perseguição pessoal. Eu sei, na pele", salientou.
Indagada a desenvolver o assunto, Moura Guedes afirmou então ter sido vítima de uma campanha orquestrada pelo PS e por José Sócrates, especialmente durante o tempo em que apresentava e editava o "Jornal Nacional", na TVI. Prova disso, exemplificou, eram os insultos que o governante, publicamente, lhe dirigiu.
Questionada sobre por que desistiu da queixa por difamação contra José Sócrates quando ele disse que ela fazia "jornalismo travestido", a ex-jornalista respondeu que, apesar de ter "ótimas testemunhas", Sócrates tinha, "por seu lado, pessoas que detinham órgãos de soberania".
"Nessa altura, o procurador-geral era Pinto Monteiro, e não me deixou pôr um processo por atentado contra o Estado de Direito. Não me deixou, porque nem sequer a queixa seguiu. Sempre houve [uma ligação perigosa entre ambos]. Eu, até ao fim dos meus dias, gostaria de saber porquê. Pinto Moreira mais a procuradora-adjunta, Cândida Almeida, tentaram e conseguiram travar tudo o que dissesse respeito ao ex-primeiro-ministro", referiu.
Manuela Moura Guedes reiterou também que foi afastada do jornalismo por pressão política, nomeadamente por interferência de José Sócrates, e denunciou censura e controlo da comunicação social pelo Governo da altura. "Não é perceção. Mesmo dentro da minha redação, eu tinha de fazer as notícias sob completo segredo, porque, durante o dia, naquela sexta-feira, ele ligava a alguns jornalistas para saber o que é que ia acontecer", destacou.
Já no final, a ex-jornalista voltou a questionar de onde vem o dinheiro para sustentar a defesa de José Sócrates e considerou falsa a narrativa da herança da mãe. "Nós investigamos, já na altura, a herança: não existe herança nenhuma. A mãe, coitada, vivia com o dinheiro dele", insistiu, concluindo a entrevista dizendo que, segundo especialistas com quem falou, Sócrates apresenta traços de psicopatia.
"Eu acho ele um pouco maluco, psiquiatricamente. Acho-o um psicopata. Não é um sociopata. Ele é mesmo psicopata. Já perguntei a vários especialistas. (...) Ainda há pessoas que acreditam nele, infelizmente."