Movimento para a Inclusão Efetiva denuncia 60 casos de violência e negligência nas escolas.
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O Movimento para a Inclusão Efetiva e pais de alunos com necessidades especiais concentraram-se hoje junto do Ministério do Trabalho e Segurança Social para exigir a constituição de uma task-force entre a Secretaria de Estado da Inclusão e o Ministério da Educação para analisar os 60 casos de agressões e negligência em escolas a alunos com autismo. Pedem que a Justiça seja mais célere,
Lourenço Santos, do movimento, e Marieta Santos, mãe de um aluno autista agredido em setembro numa escola em Lisboa, foram recebidos pelo chefe de gabinete da secretária de Estado da Inclusão.
"Queremos que a task-force seja criada para analisar os casos de agressões, que servirão para a melhoria das condições dos estudantes nas escolas, através da formação de pessoal docente e não docente para lidar com alunos com necessidades especiais", referiu Lourenço Santos.
O caso do filho de Marieta Santos aconteceu no Colégio Nuno Álvares, da Casa Pia, a 28 de setembro. A mãe já foi notificada para prestar declarações na esquadra de Belém e retirou o filho da escola por a professora não ter sido repreendida. "O meu filho não consegue ficar sentado muito tempo na sala de aula e foi agredido pela professora que pediu para que se sentasse. Foi agarrado pelo braço e puxado com violência para o canto da sala".
Em Odivelas, em janeiro do ano passado, o filho de Maria Venâncio, de oito anos, foi agredido na cantina da escola por uma funcionária por se recusar a comer. "Ele tem uma seletividade alimentar e não come alimentos com cores. Recusou o segundo prato e a funcionária deu-lhe uma bofetada", conta a mãe ao JN. "O caso ainda não chegou a tribunal e, internamente, a funcionária foi colocada noutra escola e suspensa por 30 dias. O que não é suficiente para o que fez".
"Não há comunicação"
Henrique Cunha, pai de um menino de oito anos, que frequenta uma escola em Lisboa, considera que não há inclusão. "O meu filho só vai às aulas, quando a terapeuta privada o leva, uma vez por semana. Nos restantes dias, passa as oito horas no centro educativo".
O pai lamenta a falta de comunicação. "Tenho vontade de colocar uma bodycam no meu filho para perceber o que ele faz na escola, ele não me diz e a escola também não", lamenta.