Movimento questiona Governo sobre mãe denunciada à CPCJ por levar bebé a marcha
O Movimento Democrático de Mulheres (MDM) questionou o Ministério da Administração Interna e a Direção-Geral da Administração Interna sobre o caso da mãe que foi denunciada pela PSP à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) por ter desfilado com o filho bebé numa marcha do Dia da Mulher, sob chuva, em Faro.
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"A ser verdade, o MDM considera estarmos perante um ato que atenta contra a liberdade e o direito de manifestação, e instiga um clima de medo entre as mulheres que não pode ser desvalorizado e muito menos sustentado", defende esta sexta-feira, em comunicado, o movimento, que exige uma "resposta urgente" por parte do Ministério da Administração Interna, que tutela a PSP, e da Direção-Geral da Administração Interna.
O caso, divulgado na quarta-feira pelo JN com base num esclarecimento oficial do Comando Distrital de Faro da PSP, ocorreu ao final da tarde do passado dia 8 de março.
A força de segurança alega que o frio e a chuva poderiam pôr em risco a criança, de "poucos meses", enquanto a Rede 8 de Março contrapõe que o menino, transportado num carrinho de bebé, estava "bem protegido por uma capa de chuva própria para dias chuvosos" e aquecido "por mantas".
De acordo com a associação, aquando da abordagem, as manifestantes pelos direitos das mulheres lembraram os polícias que "qualquer mãe tem, obviamente, o direito de andar na rua com o seu bebé, faça chuva ou sol". Tal não impediu, porém, que a situação fosse comunicada à CPCJ, numa ação que, apurou o JN, apanhou de surpresa a Rede 8 de Março.
"Uma vez que o menor poderá ter sido colocado numa situação de risco, a PSP reportou a ocorrência à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, para apreciação", salientou, numa resposta por escrito ao JN, fonte oficial do Comando Distrital de Faro da PSP.
A força de segurança garantiu, ainda, que "o direito de manifestação nunca esteve em causa nem foi o motivo da intervenção policial", cujo objetivo foi, "exclusivamente, evitar que a criança fosse colocada numa situação de potencial risco e garantir a sua proteção".