Grupo inorgânico de polícias regressa para exigir medidas imediatas para acabar com anos de desprezo.
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O Movimento Zero (M0), grupo inorgânico que reúne elementos das forças de segurança e que dominou a última grande manifestação feita pelos polícias, apela à união de todos os sindicatos da PSP e associações sócio-profissionais da GNR. Num documento a que o JN teve acesso, alega que esta é a última oportunidade para alcançar direitos laborais que consideram fundamentais, nomeadamente um vencimento base que, mesmo em início de carreira, nunca poderá ser inferior a duas remunerações mínimas mensais garantidas.
"Lançamos o apelo a todos para que aceitem a iniciativa de, em conjunto, criarmos uma aliança forte, livre de quaisquer protagonismos, unicamente com o intuito de, uma vez por todas, colocarmos um inadiável ponto final ao flagelo dos polícias", alega o MO. O grupo justifica este grito de revolta com o facto de, até agora, nenhum meio de reivindicação ter surtido efeito, levando a que as "pseudo negociações" com o Governo não tenham resultado em melhorias das condições laborais. "Os polícias são tutelados pelo totalitarismo", garante um movimento que alerta para "décadas de absoluto desprezo" e para polícias "no limite".
Subsídio de risco e profissão de desgaste rápido
Neste contexto, o M0 defende que só a união entre todos os polícias permitirá alcançar "exigências fundamentais para reafirmar a importância das forças de segurança como um pilar fundamental num Estado de direito". "É chegado o momento de o Governo dar provas de que pretende polícias bem formados, valorizados e igualmente motivados, depois de anos de desinvestimento", diz.
Entre as reivindicações está a atualização permanente da tabela remuneratória, tendo como princípio que o vencimento base de um polícia em início de carreira nunca deverá ser inferior a duas remunerações mínimas mensais garantidas e a subida do índice remuneratório a cada três anos.
O M0 exige ainda a atribuição do subsídio de risco, do estatuto de profissão de desgaste rápido e o pagamento total dos retroativos a 2010 dos suplementos não pagos. A pré-aposentação aos 55 anos ou 36 de serviço, a equidade na progressão de carreiras para todos os os elementos policiais e a possibilidade de se realizar serviço administrativo só após os 50 anos ou em caso de existir comprovada incapacidade são outras medidas imprescindíveis.
Por fim, o M0 quer mais viaturas policiais, a aquisição de bodycams e armas elétricas, instalações policiais dignas e o aumento do efetivo a curto prazo.