O Ministério Público determinou esta segunda-feira uma investigação criminal completa no processo dos três detidos, um dos quais é militar da GNR de Braga, antes de tomar uma posição sobre o caso dos incidentes na madrugada de domingo numa festa clubística em Braga
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Tal como o JN noticiou, os incidentes entre adeptos do Soarense Sport Clube e a PSP de Braga começaram com a interpelação policial das queixas da vizinhança acerca do ruído das comemorações da subida da equipa das Palhotas, na freguesia de São Vicente, em Braga, à Divisão de Honra da Associação de Futebol de Braga.
No auto da PSP de Braga refere-se que um elevado número de adeptos do Soarense não terá acatado ordens policiais para acabar com o ruído, durante a madrugada de sábado para domingo, insultando os polícias e atirando-lhes com cadeiras, garrafas e copos.
Ainda de acordo com a versão policial, a situação terá ficado incontrolável, tendo sido necessário ativar todos os meios operacionais então disponíveis, no distrito de Braga, bem como realizar disparos com munições de borracha, porque são menos intrusivos e nunca letais.
MP quer tudo bem esclarecido
A magistrada da 1.ª Secção do DIAP de Guimarães, onde se investigam os processos de violência no desporto, ao tomar conhecimento da participação da PSP de Braga, não concordou com a proposta de um julgamento com processo sumário, que seria realizado imediatamente.
Segundo apurou o JN, a procuradora do Ministério Público entendeu não ter dados suficientes para requerer o julgamento dos três arguidos e determinou a passagem do processo à forma comum, isto é, com investigações criminais prévias, mantendo a mesma medida de coação, o termo de identidade e residência, já aplicada pela PSP de Braga, na véspera, aos arguidos.
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O militar do Destacamento Territorial da GNR de Braga, à saída do Palácio da Justiça da cidade, não quis prestar declarações aos jornalistas, mas o seu advogado, João Araújo Silva, afirmou ao JN que "o meu cliente tentou apaziguar os ânimos e por isso estamos perante um lamentável mal-entendido. Ele fez tudo para ajudar a Polícia e acabou sendo detido pela própria Polícia".
Negando qualquer agressão a agentes da PSP por parte do militar da GNR, de 48 anos, residente em Braga, o advogado João Araújo Silva destacou "não caber na cabeça de ninguém que um agente da autoridade agredisse algum oficial do mesmo ofício", explicando que "o Ministério Público mais uma vez esteve muito bem em não se conformar com o auto que acabara de conhecer".
Os dois outros suspeitos são um professor de 39 anos, morador em Real (Braga) e um empresário de 66 anos, residente em São Vicente (Braga), que também negam a versão do Comando Distrital de Braga da PSP.
O primeiro desmente ter agredido qualquer polícia nas festividades clubísticas e o segundo afirma que nem sequer sabia das comemorações e ia apenas a passar a caminho de casa, tendo sido logo atingido nas pernas com três munições de borracha, "não tendo nada a ver com futebóis", mas acabando também por ser detido.
O advogado João Araújo Silva acrescentou, a finalizar, que "o Ministério Público antecipou-se, fazendo o que também eu iria fazer, que era pedir uma investigação criminal a sério, como deve ser, para não se cometerem injustiças, como contra este militar da GNR, que tem currículo intocável na corporação e recentemente se destacou a desmantelar uma quadrilha internacional responsável por assaltos milionários aqui no Minho".