Rede colombiana é suspeita de crimes que causaram prejuízos de centenas de milhares de euros a hospitais portugueses. Equipamentos furtados terão sido vendidos na Amazon e noutras plataformas digitais.
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O Ministério Público (MP) pediu ao Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, nesta quinta-feira, que condene o arguido colombiano que ali está a ser julgado por, alegadamente, pertencer a uma rede criminosa que furtava equipamentos de hospitais em Portugal, mas também noutros países europeus. Pelo contrário, a defesa do arguido pediu a sua absolvição, dizendo que não existem provas contra o mesmo.
As alegações foram feitas no tribunal de Lisboa, onde decorre o julgamento daquela rede, por furtos qualificados e associação criminosa, mas com a presença de apenas um dos dez arguidos. Seis deles estão em parte incerta e três estão presos preventivamente na Alemanha. Ontem, de resto, as partes pronunciaram-se apenas sobre o arguido presente, Luís Nieto.
A procuradora Teresa Bernardo alegou que o MP "não tem dúvidas de que Luís Alejandro Nieto conhece outras pessoas da rede". Mais: "Estamos convictos que o mesmo praticou e participou nestes factos", declarou, após a audição de seis testemunhas, a magistrada.
O MP apresentou como prova as imagens do sistema de videovigilância do Hospital do Barreiro e da CUF do Porto, relativas a 2015. Mas o advogado daquele arguido, Indias Cordeiro, defendeu que as fotografias não permitem reconhecer o seu cliente.
"A procuradora fez suposições, diz que não tem dúvidas que ele conhece as outras pessoas, mas isso é um preconceito do MP. Nenhum documento ou fotografia provam isso", alegou, insistindo que "não existe nenhuma prova de que seja presumível culpado. Tenho quase a certeza de que será absolvido, nunca devia ter estado preso", rematou.
Durante o julgamento, Luís Nieto só prestou declarações para dizer que estava inocente. Já ao JN, disse sentir-se "alvo de perseguição". "Por ser colombiano, já sou mafioso e, como tal, culpado. Em 2015, nem estava em Portugal", declarou.
Luís Alejandro Nieto está preso preventivamente em Portugal há dez meses. Ontem, a juíza-presidente, cessou aquela medida de coação, mas o arguido deverá continuar no Estabelecimento Prisional de Lisboa, a aguardar a sua eventual extradição para Itália, para cumprir o resto de uma pena a que ali foi condenado.
Segundo notícia do jornal italiano Corriere Milano, de junho de 2019, Luis Nieto foi preso naquele país, por furto de equipamentos médicos nos hospitais de Trieste, Palmanova e Pola, tendo confessado, em tribunal, os crimes.
O colombiano é um dos dez arguidos acusados de pertencerem a esta rede que está a ser julgada no Campus de Justiça, em Lisboa.
A rede criminosa em causa é suspeita de furtar duodenoscópios, colonoscópios ou endoscópios, entre outras dezenas de equipamentos médicos, avaliados em centenas de milhares de euros, no Hospital Egas Moniz, Hospital do Barreiro, CUF do Porto, CUF de Belém e Hospital de Saint Louis.
Os 44 equipamentos furtados terão sido vendidos na Amazon e noutras plataformas digitais.