Duas “mulas” de droga permaneceram no hospital cinco dias para evacuar, cada uma, cerca de um quilo de cocaína em forma de “bolotas” que tinham engolido. Uma terceira “mula” precisou de apenas dois dias para que o seu organismo expelisse a mesma quantidade de produto estupefaciente.
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Os três jovens, entre os 20 e os 26 anos, foram detidos no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, no final de uma viagem com partida do Brasil. A cada um deles foi prometida uma quantia entre os 5000 e os 7500 euros para arriscar a vida com o tráfico de droga.
A Polícia Judiciária foi recolhendo informações que apontavam para a chegada a Portugal de três “mulas” de droga e, na terça-feira da semana, deteve a primeira. Um dos passageiros do voo oriundo de São Paulo, no Brasil, com destino a Lisboa foi intercetado ainda no interior do aeroporto e os exames realizados mostraram várias “bolotas” no intestino. Levado para o hospital, ficou internado até ao último domingo, dia em que expeliu o último embrulho com cocaína.
As restantes detenções aconteceram na última sexta-feira. Um casal, que também viajou de São Paulo para Lisboa, foi detido antes de abandonar o aeroporto e internado no hospital. Ao fim de dois dias, o rapaz teve alta, mas a companheira precisou de cinco dias para que o organismo expulsasse todas as “bolotas”.
Jovens desfavorecidos aliciados com mais de 5000 euros
Contabilizada toda a droga retirada do organismo dos três jovens brasileiros, a PJ apreendeu cerca de três quilos de cocaína distribuídos por várias “bolotas”, cada uma delas com dez a 12 gramas de produto estupefaciente. Esta quantidade vale, no mercado grossista do tráfico, entre 75 a 90 mil euros, mas pode ultrapassar os 150 mil euros depois de “traçada” com outras substâncias e vendida, na rua, a consumidores.
Já cada uma das “mulas” terá recebido entre 5000 e 7500 euros para fazer a viagem, de 10 horas, entre o Brasil e Portugal, com droga escondida no corpo. Este é um método comum entre os cartéis internacionais, que procuram aliciar jovens de meios pobres para trabalharem como “mulas” e para quem os mais de 5000 euros são uma autêntica fortuna.
Porém, este é também um método muito perigoso. As “bolotas” engolidas antes de entrar no avião são feitas com cocaína metida num saco plástico, enrolado em fita adesiva para criar um recetáculo estanque. Contudo, o sucos gástrico do organismo pode corroer a “bolota”, fazendo com que a cocaína, em elevado estado de pureza, entre na corrente sanguínea. E se isso acontecer, “a “mula” morre de overdose em minutos.
Os três jovens agora detidos escaparam a esse fim trágico, mas vão aguardar julgamento por tráfico de droga em prisão preventiva.