Vítima já se queixara de violência doméstica e queria separar-se. Suspeito andava pela rua em fio dental
Corpo do artigo
A mulher luso-brasileira de 49 anos esteve de folga e deveria ter regressado ao trabalho anteontem, mas não compareceu. Um familiar tentou contactá-la, a ela e ao companheiro, de 64 anos. Como não obteve resposta nenhuma, foi a casa de ambos, um primeiro andar no Carvoeiro, concelho de Lagoa, no Algarve. Mal entrou na casa, deparou-se com o cadáver da mulher estendido no hall, com sinais de extrema violência. O companheiro, um português de que a mulher já se queixara à GNR por violência doméstica e que ultimamente fora visto na rua apenas em fio dental, está em parte incerta.
A mulher, Ivone Silveira, terá começado por ser atingida na cabeça por um tubo metálico, com tal violência que este ficou deformado no ponto de embate com a base do crânio da vítima. O tubo, oco, foi encontrado no local do crime por operacionais da Polícia Judiciária do Departamento de Investigação Criminal de Portimão, responsável pela investigação. Uma fratura exposta num braço terá sido feita também com o tubo metálico.
Ivone Silveira ainda foi esfaqueada no peito e no pescoço, mas a arma branca usada para o efeito não foi ainda localizada.
O homicida tapou o cadáver com uma manta e tê-lo-á deixado no sítio onde cometeu o crime, pois não foram encontrados sinais de arrastamento nem de de que a mulher foi morta noutro ponto da casa.
Fugiu descalço
No hall daquele primeiro andar de um prédio no Carvoeiro, havia sangue nas paredes e no teto. Mas não foram encontradas roupas do homicida que tivessem vestígios de sangue. O que foi visto foram pegadas (de pés descalços), no interior da casa, em zonas comuns do prédio e nas imediações. A Polícia Judiciária suspeita que o homicida terá fugido dali descalço e com as roupas sujas de sangue, ao volante de um automóvel.
Separação iminente
A mulher seria vítima de maus-tratos e violência doméstica por parte do companheiro. Já tinha apresentado à GNR, pelo menos, uma queixa por violência doméstica. O histórico seria do conhecimento dos vizinhos que, na semana passada, alertaram as autoridades para o facto de o homem estar a atirar objetos pela janela de casa.
De resto, no local do crime, foram encontrados objetos arrumados, que podem indicar que Ivone Silveira se preparava para deixar o companheiro.
Este sofreria de distúrbios mentais, suspeita a PJ. O diagnóstico clínico não terá sido feito, mas o homem andava em fio dental pela rua. Nas redes sociais, foram partilhados vídeos em que aquele fazia treino físico nu na sua varanda.
15
mulheres foram mortas, desde janeiro, em contexto de violência doméstica. Em 2023, morreram 17, além de três homens e duas meninas.
Facas apreendidas não tinham sangue
Na habitação do casal, a Polícia Judiciária apreendeu várias armas brancas, incluindo um punhal, que pertenceriam ao suspeito. Nenhuma delas tinha vestígios de sangue, o que pode querer dizer que o suspeito levou a arma do crime consigo.
Pode ter sido morta na segunda-feira Apesar de o crime ter sido conhecido na tarde de quarta-feira, suspeita-se que possa ter sido cometido na segunda-feira. Tal hipótese poderá ser sustentada por exames médico-legais a realizar com a autópsia do cadáver.