Um furto num supermercado no centro do Porto resultou na detenção de duas pessoas, um homem de 41 anos e uma mulher de 28 anos. Uma outra mulher, irmã da detida, queixou-se de agressão pelos polícias. A PSP confirma a receção da denúncia e explica que vários cidadãos tentaram impedir que o homem fosse detido.
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Os factos ocorreram na tarde de terça-feira num supermercado Pingo Doce, localizado na freguesia de Cedofeita, no Porto. Segundo a PSP foi detido um homem de 41 anos, "acusado de ter passado as linhas de caixa sem pagar produtos de beleza no valor de 40 euros", material que terá "escondido" na mochila.
"O gerente [do supermercado] e o vigilante fizeram a entrega do homem sob deteção. Vários cidadãos tentaram impedir que o homem fosse detido", descreveu fonte da PSP, à Lusa.
Nos momentos da detenção do suspeito, foi também detida uma mulher de 28 anos, residente em Gaia, por "resistência e coação a agente de autoridade". Quando esta mulher estava a ser algemada, a irmã, de 31 anos, terá interpelado um dos polícias e, nas palavras da própria, "tocado no seu braço".
"Pegou no cassetete e agrediu-me na parte posterior da perna"
"Nesse momento, ele pegou no cassetete e agrediu-me na parte posterior da perna (...), eu caí e, ainda não satisfeito, comigo já no chão, deu-me outra pancada nas nádegas", relatou Inês Rodrigues através das redes sociais, acrescentando que os agentes "se recusaram a dar a indentidade do polícia agressor".
A PSP confirma que a mulher, que foi assistida por uma âmbulância no local, apresentou uma queixa na esquadra de Cedofeita por "ofensa à integridade física" por parte do polícia. O Comando Metropolitano da PSP já pediu ao estabelecimento comercial da cadeia Jerónimo Martins que sejam preservadas as imagens de videovigilância.
"Agressões e pancadas com cassetete"
Nas redes sociais, circulam relatos de pessoas que dizem ter presenciado uma agressão "por parte de um segurança a um sem-abrigo" que terá tentado furtar naquele supermercado "um 'shampoo' e um saco de ervilhas congeladas" e, posteriormente, a uma intervenção policial com "10/12 agentes" dentro da loja e "imensos carros da polícia e mais 15 agentes" no exterior. Os mesmo relatos dizem que as pessoas apenas tentaram impedir as agressões ao suspeito e foram também agredidas e alvo de "pancadas com cassetete".
À Lusa, Inês Rodrigues garante que houve muitas pessoas a intervir porque "viram que a situação estava a escalar de uma maneira que não era suposto". Aliás, diz que o gerente da loja chegou a aceitar que elas pagassem os produtos furtados, mas o segurança pegou em dois carrinhos e manteve o homem preso.
"Toquei no braço e ele deu-me com o cassetete"
"Depois, para aí dez polícias com coletes à prova de bala entraram na loja. Eu, para defender uma terceira pessoa - uma rapariga que foi empurrada contra a parede para ser algemada - toquei no braço de um deles e ele deu-me com o cassetete na parte de trás do joelho e nas nádegas", descreveu Inês Rodrigues.
Num relato publicado no Instagram, Inês Rodrigues queixa-se ainda de que, na esquadra, os polícias "gozaram" com ela "enquanto chorava, a dizer por exemplo: vê se choras melhor, não estás a mancar assim tanto, a rirem-se e sempre a intimidarem-me".
Após apresentar queixa, Inês dirigiu-se ao Hospital dos Lusíadas. No relatório hospitalar, citado pela Lusa, lê-se: "vítima de agressão por cassetete de polícia [que] resulta [em] hematoma nas nádegas e no terço inferior da face posterior da coxa e escoriação da face anterior do punho esquerdo".
A queixosa disse ainda que, na quarta-feira, foi ao Instituto de Medicina Legal, mas o relatório foi enviado diretamente para o Ministério Público. Hoje, quinta-feira, Inês Rodrigues dirigiu-se ao próprio Ministério Público para apresentar nova queixa, tendo sido informada que a feita na PSP é suficiente e que será em breve chamada para prestar declarações.
Testemunha fala em "agressões brutais e desmedidas"
Orquídea Oliveira, testemunha de Inês Rodrigues no processo, indicou à Lusa que prestou depoimento na esquadra da PSP após ter assistido a "agressões brutais e desmedidas".
A agência Lusa solicitou esclarecimentos junto da Jerónimo Martins e aguarda resposta. Também o MP remeteu qualquer resposta para mais tarde