Uma mulher queixou-se na PSP de ter sido filmada com um telemóvel por um desconhecido quando se encontrava na casa de banho da Loja Continente de Mirandela. A Polícia já pediu ao Continente para preservar as imagens de videovigilância.
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O caso aconteceu, ao final da tarde desta quinta-feira, 14 de março, quando Paula (nome fictício) foi às compras à Loja Continente, mas antes disso, deslocou-se à casa de banho. “No percurso, fui ultrapassada por um sujeito que me interrompeu a passagem e passou na minha frente no corredor que dá acesso às três casas de banho. O sujeito dirigiu-se à casa de banho do meio, destinada a pessoas com dificuldade de mobilidade, e já isso chamou-me à atenção, porque não me pareceu deficiente e também vi que estava a segurar o telemóvel na mão”, descreve.
Segundos depois deste episódio, Paula viveu momentos de pânico. “Entrei na casa de banho das mulheres, comecei a fazer as minhas necessidades e de repente comecei a ver uma sombra debaixo da porta e consegui ver os pés a andar muito devagar”, relata. “Se fosse outra mulher batia na porta e ia embora ou esperava, mas aquela sombra parou, muito lentamente, e tive o instinto de olhar para cima e vi um telemóvel parado como se estivesse a gravar, não estava a tirar fotos porque não havia movimento com a mão”, diz.
A sua primeira reação foi gritar por socorro. “Comecei a gritar e o tempo que levei a subir as calças e a arranjar-me foi o tempo suficiente para a pessoa sair dali. Penso que deve ter-se refugiado na casa de banho para deficientes, mas quando fui alertar o segurança, ele fugiu”, afirma.
Paula acredita mesmo que não tenha sido a primeira vítima. “Sinto que ele já fez isso mais vezes, porque sabia o que estava a fazer, a delicadeza de como fazia todo o processo, não terei sido a primeira e supostamente não serei a última”, receia.
A mulher entende que se ficasse em silêncio “isto caía no esquecimento e ele ia fazer mais e seria pior". "Faço esta denúncia, para prevenir, não deixarem ir as crianças sozinhas e mesmo qualquer pessoa que vá às casas de banho que fiquem atentas, até essa situação ficar resolvida”, avisa a mulher, até porque adianta que o suspeito “tem sido visto diariamente na Loja do Continente e ali permanece durante longas horas”, conta.
Continente deu toda a colaboração
A ofendida sublinha que teve toda a colaboração dos responsáveis da Loja neste processo. “O Continente deu-me todo o apoio nesse momento. Chamou a Polícia, os agentes foram ter comigo. Para ter acesso às câmaras, penso que fizeram todo o procedimento normal nestas questões”, relata.
Até ao momento, o Grupo Sonae ainda não respondeu ao pedido de esclarecimento do JN sobre o caso, mas fonte ligada à Loja de Mirandela adiantou que está a colaborar com as autoridades e que terá sido reforçada a segurança naquela zona.
Ministério Público pode solicitar imagens
A conduta do suspeito pode enquadrar-se no crime de devassa da vida privada punível com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 240 dias e há agravamento, por exemplo, se os factos forem praticados através de meios de difusão generalizada.
Trata-se de um crime semipúblico, ou seja, o respetivo procedimento criminal depende da apresentação de queixa, o que já foi feito, confirmou a PSP de Mirandela.
De acordo com a Lei, a PSP está impedida de ter acesso às imagens de videovigilância, mas já pediu ao Continente a preservação das imagens (não podem ser destruídas, nem ter imagens sobrepostas), aguardando-se a determinação pelo Ministério Público da utilização daquele meio de prova no âmbito do processo.