Namorada de arguido invoca ameaças e muda testemunho no caso do empresário morto
A namorada de Nélson, um dos arguidos no caso do empresário morto à facada à porta do bar Matriz em Famalicão, em fevereiro do ano passado, disse esta quarta –feira, em tribunal, que estava a ser ameaçada quando prestou declarações em fase de inquérito e por isso não conseguiu contar tudo.
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Na primeira sessão do julgamento que decorre no Tribunal de Guimarães e senta no banco dos réus dois primos, Nélson Monteiro e Licínio Misael, acusados de ter morto à facada José Ferreira de 32 anos e de ter tentado matar o gerente do bar, Juliana apresentou uma versão diferente daquela que tinha testemunhado quando foi ouvida na Policia Judiciária.
Em tribunal disse que depois de terem sido postos fora do bar, José e o gerente do bar, João foram atrás de Licínio. Acrescentou que nunca “tirou os olhos” do namorado que esteve sempre junto a si, e que a ideia eram irem a pé para casa. Acabaram por ir de carro com Licínio que lhes contou que deu uma facada nas costas de João e outra “no coração” de José. Acrescentou que Licínio atirou a faca para um monte.
Perante estas declarações, a defesa de Licínio requereu que fossem lidas as declarações que a testemunha tinha prestado na PJ já que eram contraditórias às que tinha feito em sede de julgamento.
Confrontada com as contradições, Juliana adiantou que a “verdade” foi o que disse em tribunal e explicou que, na altura das declarações à PJ, não podia contar tudo porque os dois arguidos são família e pensou que Licínio ia assumir o crime. “Os pais dele estavam a ameaçar-me e agora também estão”, afirmou.
A magistrada do Ministério Público requereu que fosse extraída uma certidão relativa às discrepâncias nas declarações da testemunha e enviada ao DIAP para procedimento criminal por falsidade de testemunho. Juliana contou à PJ que, depois de terem sido colocados fora do bar, foram “a correr” para o carro e viu Licínio envolvido com outros indivíduos. Contudo, este nunca disse ter sido agredido ou ter agredido alguém e notou só ter tido conhecimento da morte de José no dia seguinte, pela comunicação social.
Uma outra testemunha, presente no bar à data dos factos, também foi alertada para as discrepâncias dos relatos. Perante as várias vezes que a testemunha disse não se recordar, a juíza que preside ao coletivo questionou mesmo se tinha tido algum acidente que lhe tivesse prejudicado a memória. Certo é que depois de lidas as declarações que havia prestado à PJ começou a recordar-se melhor, mas a defesa de Licínio requereu a visualização das imagens do interior do bar para confrontar a testemunha.
Recorde-se que na primeira sessão de julgamento, Nélson, acusado de ter matado à facada José Ferreira, acusou o primo Licínio de ser o autor do homicídio. O primo não quis, até agora, falar ao coletivo de juízes.