"Não me sinto responsável" pela queda do Governo, diz procuradora-geral da República
A procuradora-geral da República, Lucília Gago, afirmou, esta quinta-feira, que não se sente responsável pela queda do Governo. "Não me sinto responsável por coisa nenhuma. A PGR investiga perante a notícia da prática de factos aquilo que deve investigar", disse quando questionada sobre a demissão do primeiro-ministro.
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Lucília Gago quebrou o silêncio desde a queda do Governo, a 7 de novembro, à margem de uma conferência sobre violência doméstica que decorreu na sede da Polícia Judiciária, em Lisboa. Sobre o polémico parágrafo do comunicado da Procuradoria-Geral da República que refere que de António Costa está a ser investigado no âmbito de um processo judicial, e que motivou a demissão do primeiro-ministro, a procuradora esclareceu que, apesar de serem sempre trabalhadas pelo gabinete de imprensa, "em situações mais sensíveis", as notas enviadas para a imprensa são "sempre acompanhadas na sua redação".
"Esse parágrafo diz com transparência aquilo que estava em causa no contexto da investigação que está em curso", esclareceu a responsável máxima do Ministério Público. Questionada sobre a necessidade de incluí-lo no comunicado, Lucília Gago esclareceu que, se não fizesse, estaria a ocultar um "segmento de uma maior relevância". Indagada se o fez em defesa da Procuradoria, rejeitou tal associação. "Foi em defesa da transparência que à Procuradoria cumpre salvaguardar", frisou.
Questionada sobre uma alegada pressão para apresentar resultados da investigação, Lucília Gago diz que se sente "sempre com o dever de apresentar resultados". Reiterou ainda que não se vai pronunciar relativamente a "erros". "O Ministério Público continuará a fazer as investigações, essa e todas as outras que temos em mãos, naturalmente, sem dramatizar. Fará aquele que é o seu papel", afirmou.
Esclareceu ainda que foi a Belém por solicitação do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. "É o senhor presidente da República que me nomeia. Por isso, é perfeitamente normal", acrescentou.
Já sobre o facto de a Polícia Judiciária não ter conduzido a investigação ao caso, Lucília Gago recordou que tal não é competência exclusiva deste órgão de polícia criminal.