Não existe nada no Hotel Jangada, em Maricá, que corrobore a versão de Duarte Lima. Registos e videovigilância não revelam sinais da sua presença junto ao hotel com Rosalina Ribeiro, ou da mulher com quem diz ter deixado a cliente na noite em que ela foi assassinada.
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“A Polícia viu tudo, logo em Janeiro, e não encontrou nada sobre essa senhora portuguesa ou a outra mulher [Gisele]”, garantiu, ontem, ao JN, Cláudia, a recepcionista do Hotel Jangada, situado na margem sul da tranquila lagoa de Maricá – uma zona lagunar protegida, com cerca de 25 quilómetros quadrados. “Não havia qualquer hipótese de essas senhoras terem estado cá. Todos os clientes são registados”, diz a funcionária.
As imagens de videovigilância foram recolhidas por uma pequena câmara instalada na recepção e abrangem um pequeno pedaço da rua em frente ao hotel. Duas outras câmaras de filmar que estão hoje instaladas num poste, em frente à entrada principal, não estavam a funcionar na noite em que Rosalina foi assassinada. “Só estão a trabalhar desde Janeiro”, explicou Cláudia, que também não se recorda de ter visto alguém com as características das três personagens em causa. “Era Verão e nessa altura há muita gente por aqui a passear”, acrescenta.
Na descrição que fez à Polícia brasileira sobre a noite de 7 de Dezembro do ano passado, por fax e por telefone, Duarte Lima disse que apanhou Rosalina Ribeiro, 74 anos, perto de sua casa, na Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, pouco depois das 20 horas, e que foram no seu carro alugado até uma cafetaria próxima, cujo nome e localização exacta não revelou. Ali, falaram durante 20 minutos de negócios que se recusou a detalhar, invocando sigilo profissional. E que ainda não esclareceu, apesar de a Ordem dos Advogados o ter desobrigado desse dever há cinco meses.
Ainda segundo o relato que fez à Polícia, Lima referiu que Rosalina lhe pediu que a levasse até Maricá, a cerca de 65 quilómetros, para ir ter com uma mulher de nome Gisele, loura, e com que Rosalina parecia ter grande á-vontade. Sozinho, regressou ao Rio de Janeiro, cerca das 22 horas. Gisele não foi identificada até aomomento, apesar de as autoridades brasileiras já terem contactado e excluído mais de mil mulheres com esse nome. Rosalina foi assassinada cerca de 15 minutos depois, com tiros na cabeça e no peito, e o seu corpo foi abandonado a cerca de 30 quilómetros de distância, com todas as jóias e sem uma pasta de documentos e a sua bolsa.
Em casa, em cima da cama, deixou as malas acabadas de fazer, pois regressava a Portugal cinco dias depois. Disse a amigas que, naquele dia, não podia sair de casa, pois esperava a visita de Duarte Lima, eventualmente acompanhado de outra pessoa, e chegou até a referir que iriam jantar a um restaurante próximo, pois não tinha comida em casa.
Rosalina disputava nos tribunais, com uma filha do milionário, uma parte da herança do magnata Lúcio Thomé Feteira – avaliada em centenas de milhões de euros – de quem foi secretária e companheira durante mais de 30 anos.
Rosalina levantou cerca de 26 milhões de euros de contas que tinha em conjunto com Feteira e um banco suíço já informou oficialmente que seis milhões foram transferidos para uma conta de Duarte Lima.
A cabeça de casal dos herdeiros, Olímpia Feteira, anunciou que vai processar Duarte Lima para reaver o dinheiro.