Quatro dos seis detidos em operação da PJ ficaram em prisão preventiva. Grupo extremista fez treino tático.
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Os neonazis do Movimento Armilar Lusitano (MAL), além da invasão à Assembleia da República, também discutiram a possibilidade de ocupar a residência oficial do presidente da República. No entanto, o plano foi abortado quando elementos do grupo extremista armado alertaram para a existência de instalações policiais muito próximas. Quase todos possuíam mochilas com um kit de sobrevivência.
Ontem, quatro dos membros do MAL ficaram em prisão preventiva. São eles o chefe da PSP Bruno Gonçalves, considerado o líder da milícia armada, Bruno Carrilho, Nuno Pais e Ricardo Pereira. Todos estão indiciados por infrações relacionadas com grupo terrorista e detenção de arma proibida.
Os restantes dois detidos na operação “Desarme 3D”, realizada pela Polícia Judiciária (PJ), ficaram obrigados a apresentar-se, uma vez por semana, nas instalações policiais da sua área da residência. Estão indiciados por detenção de arma proibida, porque foi apreendido diverso armamento nas suas residências. Contudo, a PJ suspeita que as armas foram ali escondidas pelos filhos, estes, sim, elementos do MAL.
Inspirados nos EUA e no Brasil
A atividade do MAL estava a ser monitorizada pela PJ há cerca de três anos e foi, sobretudo, através de um grupo da rede social Telegram que os inspetores acompanharam as discussões e os planos dos seus elementos. E foi também por ali que perceberam que os neonazis portugueses foram inspirados pela invasão ao Capitólio dos Estados Unidos da América, em 2021, e ao Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal brasileiro, em 2023.
Queriam protagonizar uma ação de igual dimensão em Portugal e um dos primeiros alvos apontados foi a residência oficial do presidente da República. Mas, membros com mais experiência policial e militar alertaram para o desconhecimento que todos tinham do local, assim como para a proximidade do Palácio de Belém a diversas instalações policiais.
O plano seria abortado e, no grupo de Telegram (com cerca de 900 membros), começou-se a falar na hipótese de invadir a Assembleia da República. Para preparar este eventual assalto, os membros do MAL realizaram treino tático, com armas de airsoft, em campos de paintbal ou em locais isolados, e compraram impressoras 3D para produzir armas. “Investiram muitas horas, e a qualidade das armas era tanta que os carregadores, originais, adaptavam-se perfeitamente”, conta fonte ligada ao processo.
Muitos deles tinham mochilas com um kit de sobrevivência pronto a usar caso o MAL concretizasse um ato terrorista.