
Fernando Soares confessa que "foi amor à primeira vista" e esse afeto tem facilitado a relação com a Nikky, que gosta de colo
Gonçalo Delgado/Global Imagens
Treinada para ajudar nas buscas de desaparecidos, foi decisiva no desfecho feliz com um idoso de Famalicão que andou perdido durante um dia.
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A cumplicidade entre a cadela Nikky e o militar da GNR Fernando Soares é evidente, não só na forma como interagem nas incumbências diárias, mas também pelos olhares e pelo entusiasmo do animal quando lhe salta para o colo. Uma sintonia determinante para a missão que cumprem na secção cinotécnica do comando da GNR de Braga. A divisão integra outros cinco binómios (homem/ cão) mas é Nikky que, em setembro, se tornou famosa por ter encontrado com vida, um idoso de 85 anos que andou perdido durante 24 horas, em Famalicão. A cadela foi mesmo considerada decisiva para o desfecho feliz.
O binómio composto pelo militar Fernando Soares e pela pastor-belga existe há cerca de seis anos depois de uma empatia quase imediata. "Foi amor à primeira vista", atira, sem reserva, o militar. Um afeto que facilitou a preparação do animal para a sua função de busca e salvamento na especialidade segurança, intervenção e busca da equipa cinotécnica da GNR.
Dois anos de treino
Nikky foi treinada por Fernando durante cerca de dois anos até estar apta para começar a trabalhar. Depois da preparação inicial, o treino tem de ser contínuo e, é por isso, que fazem regulamente exercícios, que passam, por exemplo, por seguir o odor humano e procurar uma pessoa em várias posições. "Usamos o reforço positivo ou o castigo negativo e vamos treinando por repetição", diz Carlos Silva, também ele militar da cinotécnica da GNR de Braga.
O treino e a relação entre o cão e o militar são determinantes para que cada um dos canídeos da brigada cumpra a sua missão, com êxito. Os dois aspetos parecem estar cumpridos quanto a Nikky e Soares. Os dois estão em sintonia perfeita para o cumprimento das tarefas que lhes competem. Mas esta afinidade estende-se ao núcleo familiar do militar, pois é lá que o parceiro de quatro patas passa muitos fins de semana, folgas e férias. Este é, aliás, um procedimento autorizado e promovido pela GNR.
O tratador considera que as equipas cinotécnicas são por vezes o último reduto. "Alguém precisa de nós e é em nós que deposita a última esperança", revela. Por isso, para corresponder às expectativas, é necessária uma preparação exigente.
Mas, a missão destes binómios nem sempre tem um final feliz. "Às vezes corre bem e encontramos quem desaparece vivo e bem, mas também há casos em que não corre tão bem", salvaguarda o militar.
O último trabalho de Nikky e Soares acabou bem, assim como uma outra operação de busca e salvamento que realizaram em 2018, em Penafiel: um idoso saiu de um lar para parte incerta e foi depois encontrado com a ajuda de Nikky.
"É calculista, rápida, ágil, está motivada para responder rapidamente e acho que tem um grande sentido de responsabilidade, que se vê pelo excitação que apresenta antes de entrar em ação", descreve Fernando Soares, demonstrando que conhece a parceira como ninguém.
Quando um canídeo chega à GNR para integrar as equipas cinotécnicas faz uma série de testes para aferir saúde, capacidade física, aptidão, bem como características genéticas para missão de socorro. Só depois começa o treino.
NOTA
Cães são doados, comprados ou criados pela Guarda
Os canídeos que integram os quadros da GNR são doados, adquiridos ou criados pela própria força militar.
Os pastores-belgas e os labradores são cães com versatilidade, rapidez e agilidade, características para se adequarem às funções a desempenhar na GNR. Contudo, não há nenhuma especificidade quanto à raça para que um canídeo possa desempenhar a função. Crucial é o resultado nos testes veterinários que tem de realizar para confirmar se possui as características certas.
Também os militares que integram as equipas cinotécnicas têm formação na especialidade de busca e de socorro, que integra áreas como montanhismo, primeiros socorros psicológicos, condução de todo-o-terreno e suporte básico de vida.
