O responsável pela operação da PSP no Estádio do Dragão, na noite da assembleia-geral extraordinária (AGE) do F. C. Porto, admitiu que só no dia do evento é que soube que se iria realizar no Dragão e que não foi avisado que, já durante a noite, ia passar para o Arena. A Polícia soube de tudo através de sócios.
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O subintendente da PSP Pedro Filipe explicou, nesta terça-feira, em mais uma sessão do julgamento da Operação Pretoriano, no Tribunal de São João Novo, no Porto, que sabia que ia decorrer a AGE e havia indicações de que poderia haver uma grande afluência e eventuais problemas. Porém, do lado do F. C. Porto, a Polícia não foi contactada. “Não tinha informações, nem sabia o local”, lamentou.
No próprio dia, ligou ao diretor de segurança do F. C. Porto, Carlos Carvalho, para, pelo menos, saber onde seria. “Respondeu que seria no Estádio, num auditório para 400 pessoas. Eu disse que o espaço era insuficiente e ele disse que tinha o plano B, que seria o camarote presidencial, que dava para 750. Eu disse que ele não estava a acompanhar bem as informações, porque nem o pavilhão podia chegar”, descreveu o polícia.
Ao contrário de assembleias anteriores, desta vez, “nunca foi pedida polícia. Interpretamos que era um evento privado. Não sugeri, nem podíamos impor, a presença de polícias porque teria de ser iniciativa deles. Por precaução, foi planeado no exterior do P1 um dispositivo de visibilidade para controlar eventuais perturbações da ordem na via pública”, recordou. Da sua experiência, não seria Carlos Carvalho a decidir isso. “Teria de ser alguém na administração”.
A dada altura, o chefe de serviço ligou ao subintendente, que estava de prevenção, para comparecer no local porque, às 20.30 horas, já estava um número muito grande de pessoas, tinham perdido o controlo e estavam a ocupar a via pública. Ao chegar ao local, contou 1500 pessoas no exterior e a claque até já teria entrado. Ligou para Carlos Carvalho. "Pressenti que estava nervoso e nunca veio ao exterior", afirmou. Nessa altura, te-lo-á avisado que havia muito poucas pessoas a fazer a acreditação. "Não era viável. Ia durar horas", antecipou.
Só ao assistir às declarações de Villas-Boas à imprensa é que soube que a AGE ia mudar de local. O polícia ficou ali mais algum tempo até começarem a surgir sócios do outro lado, vindos do Dragão Arena, a dizer que a AGE já estava a decorrer e que o ambiente estava “efervescente”. “Ainda estavam mais de mil pessoas na rua e a AGE já estava decorrer noutro local e ninguém me disse nada”, queixou-se.
O polícia explicou que o trajeto estava a ser feito pelo interior do estádio e não se apercebeu. Foi então para o Dragão Arena. Pelas 23.10 horas, foi abordado por algumas pessoas a queixarem-se de que havia ameaças e injúrias, mas nunca presenciou nenhum crime porque não entrou. “As pessoas queixavam-se, mas não houve ambulâncias, não vi ninguém ferido. As pessoas pediam para irmos lá para dentro, mas não havia indícios de um bem maior a proteger para entrar num evento privado”, explicou, frisando que o presidente da mesa da Assembleia Geral, Lourenço Pinto, havia garantido que, se houvesse necessidade, os chamariam.