Advogada já esteve no Parlamento e toma posse na terça-feira em substituição. Adão Silva desconhecia caso.
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Condenada por falsificação de documento há dois anos, Eugénia Duarte toma posse na próxima terça-feira como deputada do PSD na Assembleia da República. A social-democrata vai substituir Carla Borges, eleita pelo círculo de Viseu, que pediu a suspensão do mandato, até a um máximo de 180 dias, depois de ter sido eleita vereadora na Câmara de Tondela, cargo para o qual tomou posse na sexta-feira.
Eugénia Duarte conhece bem os corredores do Parlamento. A advogada, e antiga presidente da Assembleia Municipal de Sátão, foi deputada nos anos de 2016, 2017 e 2019, substituindo na altura António Leitão Amaro. A social-democrata foi nas últimas legislativas a sexta da lista do partido, liderada por Fernando Ruas, que já renunciou ao mandato de deputado esta semana para ocupar o lugar de presidente da Câmara de Viseu.
A agora deputada da nação foi condenada a 13 de fevereiro de 2019 pelo Tribunal de Sátão pelo crime de falsificação de documento, por ter forjado, no ano de 2017, um despacho de liquidação de sentença do Tribunal de Viseu, dando a entender a um cliente que a justiça "tinha decidido a [seu] favor, o que não correspondia à verdade".
Salvaguardar imagem
"A arguida agiu dessa forma com o objetivo de salvaguardar a sua imagem profissional e fazer o seu cliente acreditar de que tinha sido zelosa e diligente enquanto mandatária judicial da referida sociedade" (Construções Pelezinhos, Lda), pode ler-se na sentença, onde o juiz Pedro Pacheco acusa Eugénia Duarte de ter agido "sempre de modo livre, voluntária e consciente, bem sabendo que a sua conduta era proibida e punida por lei penal".
A também autarca foi condenada, na altura, a uma multa de 2700 euros e ao pagamento das custas judiciais. O caso já se encontra arquivado e não houve recurso.
Contactada pelo JN, Eugénia Duarte escusou-se a fazer qualquer comentário. O presidente da Distrital de Viseu do PSD, Pedro Alves, não atendeu o telemóvel.
Já o líder da bancada social-democrata no Parlamento, Adão Silva, disse desconhecer "em absoluto a situação". "É a primeira vez que ouço falar nisso", afirmou Adão Silva, acrescentando que o "presidente do grupo parlamentar não decide" sobre a tomada de posse dos deputados, sendo essa uma matéria da responsabilidade do presidente da Assembleia da República e da Comissão de Transparência. "Tenho apenas a obrigação de dar as boas-vindas a todos os deputados que aqui chegarem do PSD e garantir que têm as melhores condições para desenvolver o seu trabalho", declarou.