Nova líder sindical dos funcionários judiciais prefere diálogo mas admite greves
“Há ajustes a fazer ao que foi feito e matérias novas a discutir para compor completamente o estatuto dos funcionários judiciais”, assegurou esta sexta-feira ao JN, Regina de Almeida Soares, à margem da sua tomada de posse, em Anadia, como nova presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais.
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Prometendo não baixar os braços, explicou que os contactos com o novo Governo já tiveram início e a primeira via será a do “diálogo”, porque parece haver “abertura” e porque o sindicato tem consciência que já decorreram “muitas lutas e isso causa prejuízo ao cidadão”.
Mas Regina de Almeida Soares, a primeira mulher a dirigir o sindicato, não afasta a possibilidade de novas formas de luta, nomeadamente novas greves, se se chegar a um “impasse” ou as negociações não estiverem “no caminho certo”, avisa.
Para a próxima semana está prevista nova reunião entre o sindicato e a Ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, e é esperado que a tutela apresente uma proposta relativamente aos ingressos, um dos vários aspetos do estatuto em discussão.
A revisão abrange matérias que vão desde os ingressos à tabela salarial, aposentações, congelamentos, avaliação de mérito, entre outras questões, uma vez que o estatuto não é revisto há 26 anos (salvo questões pontuais), explica a dirigente. Com a anterior direção (da qual fez parte, como secretária executiva da região de Lisboa) foram dados alguns passos, mas a queda do Governo deixou outras matérias por definir.
Além disso, parte do trabalho realizado foi “um bocadinho à pressa e há ajustes a fazer, nomeadamente na tabela salarial que foi publicada”, especifica Regina de Almeida Soares. “Não vamos descansar, a revisão que foi feita à tabela é muito injusta, porque há pessoas com muitos anos que não tiveram valorização nenhuma e isso é essencial”.
Mas não se trata apenas de “dinheiro”, sublinha, é precisar criar melhores condições de trabalho, facilitar a conciliação da vida profissional com a pessoal, atenuar a “sobrecarga de trabalho, que é horrível”, e atuar a nível da “saúde mental”. Os funcionários judiciais, parte essencial da máquina da justiça, “estão completamente exaustos, desmotivados”, alerta.