Começaram por criar um histórico de importações legais e quando o conseguiram passaram a trazer droga para Portugal em contentores de fruta vindos da América do Sul. O grupo foi apanhado pela Polícia Judiciária em 2022 com 822 quilos de cocaína e está acusado de tráfico droga agravado e associação criminosa.
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A rede era composta por nove indivíduos e estava altamente organizada. Cada um tinha uma função “diferenciada e fundamental”, revela o Ministério Público na acusação que o JN consultou. O grupo atuaria pelo menos desde meados de 2020 e foi desmantelado após dois anos de investigação da PJ na sequência de uma denúncia anónima.
Manuel G. de 56 anos de idade, um empresário espanhol de assessoria e segurança, seria o timoneiro e juntamente com Adan G., Eugénio T., Rui M. e José V. elaborou um plano para introduzir “grandes quantidades de cocaína” em Portugal por via marítima, em contentores de fruta, acusa o MP.
Para o MP, estaria a cargo de Adan, espanhol, a angariação de financiadores, enquanto o português Eugénio, de 68 anos, era o responsável por organizar a "constituição de empresas de fachada". Este último usava vários cartões telefónicos “para evitar” o rastreamento das chamadas pelas autoridades.
A José, um agente aduaneiro brasileiro, estava atribuida a função de lidar com as questões burocráticas relacionadas com, autoridades portuárias e alfandegárias. Por seu lado, Rui de 48 anos disponibilizou a sua empresa para receber os carregamentos de droga. De acordo com a acusação, esta empresa nunca tinha feito importações de fruta, pelo que o primeiro passo foi criar um histórico de negócios com várias compras legais de bananas, para não haver suspeitas.
Criada esta aparência de legalidade, o grupo importou através do porto de Leixões, quatro contentores de bananas do Equador que traziam escondidos 699 pacotes de cocaína pesando 822 quilos.
Os contentores foram desalfandegados e transportados para o armazém de Barcelos, onde quatro “operacionais”, todos estrangeiros, tratavam de retirar a cocaína do contentor. O descarregamento dos contentores era vigiado no exterior por Adan que comunicava com os operacionais através de um walkie talkie. Foram detidos em flagrante e e decorrem outros inquéritos autónomos, nomeadamente sobre os financiadores.
Os pacotes de cocaína vinha envoltos em película espessa e metalizada para “iludir” os raios-x e scanners usados pelas autoridades nos portos.
Antecedentes
Manuel, Adan e um dos operacionais já têm antecedentes criminais fora de Portugal por fraude com burla, tráfico de droga, furtos, ofensas à integridade física e posse de armas não autorizadas.
O grupo chegou a importar um contentor de mangas, em junho de 2022, que foi destruído porque a fruta ficou imprópria para consumo. Em julho do mesmo ano, importou bananas que fora doadas ao Banco Alimentar. O armazém não estava preparado para acondicionar este tipo de mercadoria.