Mulher de 93 anos foi levada de casa por sinais de alegada violência doméstica detetados em ida ao hospital. Filho, com 71 anos, jura inocência.
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Uma mulher, com 93 anos, foi internada numa unidade de cuidados continuados, depois de os médicos do Hospital Santo António, no Porto, terem identificado alegados sinais de maus-tratos.
A nonagenária vive, há mais de duas décadas, apenas com o filho, de 71 anos, mas este nega qualquer agressão. E acrescenta que há 15 dias que não recebe, nem da PSP nem do Ministério Público, qualquer informação sobre o paradeiro e o estado de saúde da progenitora.
A família já tinha sido alvo de um primeiro inquérito, mas as suspeitas de violência doméstica seriam arquivadas em 2021.
"Estou preocupado, porque não sei onde está a minha mãe. Ela tem várias doenças e precisa de medicamentos", refere António Moutinho da Silva. Ao "Jornal de Notícias", o septuagenário relata que passou a residir com a mãe, num apartamento situado em Campanhã, no Porto, no final de 2000, e que, desde essa altura, é ele o responsável pela idosa. "Chegámos a ter o apoio domiciliário de várias instituições. As técnicas sociais traziam as refeições e tratavam da higiene da minha mãe, mas ela nunca gostou da comida e tivemos de abdicar dessa ajuda", recorda António Moutinho da Silva.
No hospital após discussão
Nos primeiros meses do último ano, em que a idosa foi perdendo a mobilidade e pouco saía de casa, a família beneficiou do auxílio de uma voluntária. No entanto, nos últimos meses, já foi António Moutinho da Silva quem tratou sozinho da progenitora. Até ao passado dia 17.
"Nesse dia, tivemos uma discussão, ela chamou o INEM e foi levada ao Hospital Santo António. Cerca de quatro horas depois, tive a indicação que ela tinha tido alta médica e, a seguir, dois polícias disseram-me que ela seria institucionalizada, porque havia a suspeita de que seria vítima de violência doméstica", conta.
António Moutinho da Silva assegura que nunca agrediu a mãe, mas fontes ligadas ao processo confirmam, ao JN, que os médicos identificaram na mulher, de 93 anos, lesões compatíveis com maus-tratos reiterados. Por este motivo, a idosa deverá ficar internada numa unidade de cuidados continuados enquanto decorre uma investigação para apurar se foi, de facto, sujeita a violência doméstica.
"A médica de família consultou a minha mãe em várias visitas domiciliárias e nunca sinalizou qualquer suspeita de maus-tratos", salienta o filho.
Este revela que não é a primeira vez que é investigado por violência doméstica. "Foi aberto um inquérito que, no ano passado, foi arquivado. Nunca agredi a minha mãe e quero saber onde ela está. O Estado sequestrou a minha mãe", repete António Moutinho da Silva.