O empresário Nuno Lobo afirmou, esta quarta-feira, em tribunal que Pinto da Costa não era “íntegro” nem “honesto” por, numa entrevista ao "Porto Canal", este ter dito que não o conhecia. O recandidato à presidência do F. C. Porto começou a ser julgado no Juízo Local Criminal do Porto por difamar o presidente do clube.
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No centro da polémica está uma entrevista publicada a 5 de junho de 2020 no jornal desportivo "A Bola" em que o empresário criticava o atual presidente do Futebol Clube do Porto. "Ao contrário do senhor Pinto da Costa, sou um homem íntegro e honesto" foi esta a expressão referida por Nuno Lobo que seria usada como chamada de primeira página da edição impressa, que saiu um dia antes do início do sufrágio eleitoral para a presidência do clube.
Na primeira sessão do julgamento, Nuno Lobo aceitou prestar declarações e garantiu que só aceitou falar com o jornal “A Bola” porque dias antes Pinto da Costa tinha dado uma entrevista ao Porto Canal em que referia que não o conhecia. Disse que se sentiu “afrontado” e “ofendido” pelo presidente do clube ter dito que não sabia quem ele era quando, alegou, já tinha estado várias vezes com ele. “Faltou à verdade quando disse que não me conhecia”, afirmou, dizendo que até já tinham “declamado poesia” juntos.
Sobre o F. C. Porto ser “uma ditadura”, como alegou, Nuno Lobo referiu que nunca quis chamar “ditador” a Pinto da Costa. “Houve uma má interpretação. Eu sempre defendi a limitação de mandatos”, justificou-se, dizendo ainda que durante o período eleitoral não houve debate nem troca de ideias e que só teve direito a uma intervenção de 45 minutos no Porto Canal dias antes das eleições.
Questionado sobre o que quis dizer com o “delapidar das contas”, Nuno Lobo referiu que era à “má gestão”. Questionado pelo procurador do Ministério Público se estava disponível para pedir desculpa pela utilização da expressão, Nuno Lobo hesitou e não respondeu.
Pinto da Costa, assistente no processo, também foi ouvido em tribunal e voltou a frisar que não conhecia Nuno Lobo e que se sentiu ofendido pelas expressões utilizadas por este, em concreto pela que consta na acusação. “Senti-me atacado enquanto cidadão, enquanto candidato, tudo”, disse, frisando que nunca viu Nuno Lobo “numa assembleia geral nem em ações do Futebol Clube do Porto”. “Conhecia dois ou três nadadores da lista do Dr. Lobo. Não o conhecia de sítio nenhum”, frisou.
Questionado sobre se há “falta de democracia” no clube, o presidente dos dragões disse que “não costuma haver muitos candidatos”. Há alguma razão para isso?, inquiriu a juíza. “É sempre importante que haja mais do que um”, respondeu. Já questionado se chegou a privar com Nuno Lobo em dois bares na Avenida da Boavista, nomeadamente no “Rodopio” e na “Taberna do Zé”, este último propriedade do arguido, Pinto da Costa negou. “Sentado na mesma mesa nunca estive”, garantiu.
Durante a sessão de julgamento foi ouvida ainda uma gravação áudio, com pouco mais de 20 segundos, divulgada à data pelo jornalista Paulo Pinto, que tinha entrevistado o candidato, em que se ouve Nuno Lobo a referir efetivamente a expressão que está na origem do processo. No entanto, por não se perceber qual a pergunta que a precedeu a juíza vai requerer ao jornalista que faculte a gravação.
Num comunicado tornado público na altura, Nuno Lobo acusou o jornal de, "inusitadamente e por mero prazer egocêntrico", "atacar o F. C. Porto", usando as suas declarações "sem sentido e oportunidade". "O líder da lista B fez questão, antes da entrevista, de informar o jornalista que nunca seria referido o nome do atual presidente do F. C. Porto, muito menos pessoalizar qualquer insinuação vã ou descontextualizada, na pessoa do sr. presidente Pinto da Costa", lia-se na nota, em que rejeitava "qualquer animosidade e/ou altercação com o atual presidente". Garantia ainda, por fim, que se fosse eleito, aquele desportivo nunca mais entraria no Estádio do Dragão "para fazer reportagem de espécie alguma".
O julgamento prossegue a 13 de dezembro.