Um emigrante do Marco de Canaveses queixa-se de ter sido burlado em mais de três mil euros através de mensagens, recebidas na aplicação Whatsapp, de alguém que se apresentou como sua filha. João Silva, natural de Alpendorada e emigrado no Luxemburgo, terá sido vítima da burla conhecida por “Olá, mãe. Olá, pai”.
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O emigrante, de 61 anos, conta que estava no Luxemburgo e tinha estado a conversar com a filha Nádia Silva, emigrada na Suíça, através do Messenger, da rede social Facebook. Minutos depois, terá recebido mensagens escritas de outro número de telefone, via Whatsapp, de alguém que se fez passar por aquela mesma filha.
Telemóvel avariado
A falsa filha escreveu que estava a usar um telemóvel novo, porque o original se avariara, e pediu “um favor”, pois precisava de fazer “um pagamento importante” e estava “sem acesso à aplicação” necessária no telefone de substituição. Prometeu devolver o dinheiro no dia seguinte e, em resposta, o pai pediu a referência de multibanco e fez um pagamento de 1048,55 euros, sem se questionar. “Porque sei que ela está a passar um mau bocado”, justifica-se, ao JN.
João Silva diz que, a seguir, recebeu nova mensagem, em que a falsa filha disse ao pai que se enganara na referência e, ato contínuo, enviou uma nova, com o valor a liquidar de 2195 euros. O pai voltou a pagar.
Convencido de que João Silva era um alvo fácil, o burlão investiu uma terceira vez, escrevendo que encontrara na caixa de correio um email com uma má surpresa: “Alguns pagamentos que expiram hoje, data 10/10”. “Consegue fazer por mim?”, perguntou.
João Silva respondeu duas horas depois: “Quanto é [?], filha só tenho 60 euros”. “São 980 euros”, foi a resposta, com uma pergunta e uma promessa: “Consegues com alguém? Amanhã devolvo o valor total”. “Só se for a Magali”, admitiu João Silva, referindo-se a outra filha. O burlão sugeriu-lhe então que pedisse o dinheiro a Magali, pois não tinha o número de telefone dela. Aqui, João Silva ficou desconfiado e, já em contacto com Magali, concluiu que se tratava de uma burla.
“Estamos a preparar uma queixa junto do Ministério Público. Nós, enquanto filhas, não podemos apresentar queixa pelo nosso pai”, diz Carla Silva, outra filha do emigrante.
No Marco de Canaveses, apurou o JN, tem sido registada, este ano, uma média entre seis e sete denúncias mensais por burlas com o esquema “Olá, mãe. Olá, pai”.
Filhas pedem ajuda nas redes sociais
Como é habitual nas burlas informáticas, o dinheiro de João Silva voou para destino incerto e de difícil acesso pelas autoridades. Agora, nas redes sociais, as filhas pedem ajuda para o pai cumprir com compromissos urgentes, disponibilizando, para o efeito, o número de uma conta bancária.