O ex-secretário da mesa da Assembleia Geral (AG) do F. C. Porto revelou que por várias vezes instaram o presidente da mesa a terminar a AG de 13 de novembro de 2023, mas que Lourenço Pinto “dava a entender que conseguia levar aquilo até ao fim”. Para Fernando Sardoeira Pinto, “terá sido a AG mais negra de sempre”.
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Sardoeira Pinto, secretário da mesa durante 24 anos e que há mais de 40 anos intervinha sempre na elaboração das atas, revelou, no julgamento da Operação Pretoriano, no Porto, que já antecipavam que, por causa do “muito ruído, o auditório fosse insuficiente” e sabiam que havia uma mesa preparada na tribuna. Foi surpreendido quando ouviu Lourenço Pinto disse que iam para o pavilhão. "Tanto quanto me lembro não foi discutido", frisou.
No pavilhão, constatou que não havia condições. “Duas colunas gigantescas berravam ao nosso lado. O som saía super aumentado e cheio de ruído. O barulho era gigantesco”, descreveu. Sardoeira Pinto recordou que “a AG estava tensa desde o primeiro momento” e ouviu vários insultos ao discurso de Brás da Cunha. Já Pinto da Costa não foi alvo de insultos, mas de “vaias, barulho, um burburinho”. Lembra-se ainda de uma zaragata entre Henrique Ramos e um outro sócio. “Falasse quem falasse, era sempre insultado”, resumiu.
Sardoeira Pinto relatou que Nuno Cerejeira Namora "tinha por várias vezes instado o presidente a parar a AG", porque assim não iam "conseguir contar os votos, mas o presidente dava a entender que conseguia levar aquilo até ao fim". A dada altura, o ex-presidente da mesa terá tentado colocar uma proposta a votação, mas Sardoeira Pinto e Cerejeira Namora nem conseguiram perceber se estava a propor uma votação na generalidade dos estatutos para economia de tempo ou uma votação na generalidade e especialidade para cada artigo.
Lourenço Pinto, que tem dificuldades de audição, “certamente não estaria a ouvir o que se passava à volta”. Só percebeu com a intervenção do presidente do Conselho Fiscal, que meteu a cabeça ao seu lado e berrou "para parar com esta vergonha de alguém estar a falar e ser insultado".
“Terá sido a AG mais negra de sempre. Lembro-me de AG com mais pessoas, quando queriam levar a taça para Lisboa. com 6 ou 7 mil pessoas. e nunca houve tanta desorganização nas bancadas. Nesta havia mais gente de pé que sentada, o que dificultava sobremaneira a tarefa da mesa”, criticou Sardoeira Pinto. Uma outra diferença foi que “mesmo nas situações de maior tensão todos saíamos da AG desopilados, sossegados e sabendo que tudo se resolvia. Nesta, os sócios saíram todos desavindos”.
O histórico secretário da mesa explicou que se começou a espalhar a ideia de que “se ia verificar um golpe de estado com a aprovação dos novos estatutos e que quem estava no poder se ia perpetuar ad aeternum”. Seria “uma goleada histórica” e que “tinha de se parar o golpe de estado”, apelava-se nas redes sociais. Porém, revelou que, à medida que ia falando com Nuno Cerejeira Namora, ele "ia sempre sossegando as dúvidas e explicava que era o antónimo do que o que vinha nas redes sociais".