Operação Espelho, um ano após outra similar, é "pedrada no charco" de fenómeno que "dificilmente será erradicado" em breve.
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A Polícia Judiciária (PJ) admitiu que o tráfico de cidadãos estrangeiros para serem explorados na agricultura “dificilmente será erradicado” em Portugal nos “próximos anos”. Na terça-feira, “mais de cem” imigrantes asiáticos, africanos e do Leste europeu foram resgatados nos concelhos de Cuba e de Ferreira do Alentejo, dois dos municípios do distrito de Beja onde, há cerca de um ano, cerca de meio milhar de pessoas já tinha sido encontrada a residir e trabalhar em condições deploráveis. As autoridades não excluem que haja vítimas comuns a ambos os casos.
“Estas operações são uma pedrada no charco, mas a verdade é que não temos a pretensão de acabar com este fenómeno. Este fenómeno dificilmente será erradicado, pelo menos nos próximos anos, porque realmente há uma oferta, há procura, e, como o negócio acaba por render, as pessoas não o abandonam”, afirmou, em Lisboa, a diretora da Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da PJ, Manuela Santos. O Sul do país, incluindo o Baixo Alentejo, é particularmente vulnerável, devido à falta de mão de obra e à existência de grandes explorações agrícolas.