Um grupo criminoso, constituído por elementos de nacionalidade colombiana e venezuelana, implementou, nos últimos três meses, um esquema que lhe permitiu furtar cerca de 40 mil euros a 12 vítimas, que levantaram grandes quantidades de dinheiro ao balcão de bancos. Atuando sobretudo no Grande Porto, os mesmos criminosos também tentaram roubar mais de 98 mil euros com o mesmo método, mas não conseguiram vergar a resistência das vítimas. Dois dos ladrões foram detidos, nesta quarta-feira, no âmbito de uma investigação da PSP do Porto.
Corpo do artigo
Os detidos, assim como os comparsas já identificados, integravam a célula portuguesa de uma organização que atua em diversos países europeus e que se destaca pela sua organização e profissionalismo. Colombianos e venezuelanos, chegaram a Portugal em outubro, com um visto de turista e fixaram residência numa vila do concelho de Paredes. O seu intuito foi sempre o de implementar o esquema criminoso que caracteriza este espécie de cartel dedicado ao furto e roubos de clientes de bancos e, com esse objetivo, alugaram carros de gama baixa para puderem circular discretamente.
Tarefas repartidas
Altamente estruturados e coordenados, os ladrões tinham tarefas específicas e um deles era responsável por entrar no banco para identificar clientes que levantassem grandes quantidades de dinheiro ao balcão. Também era este que, através de um auricular, indicava aos comparsas, colocados à porta e nas imediações da dependência bancária, quem era o alvo.
Em seguida, a vítima era seguida em plena rua e, pouco depois, sujeita a manobras de diversão. Nalguns casos, os membros do grupo atiraram notas para o chão e alertaram a vítima para o dinheiro que, diziam, estava a deixar cair. Noutros, foi usada uma bisnaga para atirar um líquido para a roupa do cliente bancário só para haver uma justificação para a abordagem .
Com o alvo distraído, os criminosos ofereciam ajuda e enquanto um apanhava as notas do chão ou limpava o casaco sujo o outro furtava o envelope com o dinheiro. No fim, todos fugiam no carro estacionado nas redondezas e que tinha sempre um outro elemento da organização ao volante.
Furavam pneus para ajudar as vítimas
Quando o alvo tinha o automóvel estacionado à porta do banco tudo mudava. Nessas situações, um espigão era posto junto à roda do carro, a vítima perseguida e, alguns quilómetros depois, alertada para o pneu furado.
Já com a viatura parada na berma da estrada, os criminosos auxiliavam a trocar a roda apenas para terem oportunidade de, com o condutor desatento, furtarem o envelope com dinheiro, deixado em cima do assento ou no interior do porta luvas.
Na maioria dos 12 casos sinalizados pela PSP, as vítimas só perceberam que tinham sido furtadas horas depois. Mas situações houve em que estas resistiram e foram agredidas pelos ladrões.
Até os próprios bancos foram roubados
Os crimes foram cometidos em Aveiro, São João da Madeira, Santa Maria da Feira, Lourosa, Oliveira de Azeméis, Porto, Vila Nova de Gaia e Maia. No caso mais grave, um homem, enganado com o esquema do pneu furado, ficou sem 22 500 euros que tinha acabado de levantar ao balcão de um banco, em Vila Nova de Gaia.
O grupo chegou, ainda, a furtar os próprios bancos, através de um plano que passava por pedir ajuda aos funcionários para os afastar do balcão, deixando, assim, o caminho aberto para que um dos ladrões recolhesse o dinheiro que ali permanecia guardado.
Desde outubro, foram efetuados, além dos 12 furtos que renderam cerca de 40 mil euros, mais de uma dezena de outros crimes, que, caso fossem concluídos com sucesso, teriam rendido 98 300 euros. Contudo, as vítimas perceberam que estavam a ser atacadas, pediram ajuda à Polícia e escaparam ilesas.
Buscas em Gaia e Paredes
Nesta quarta-feira, no âmbito de diligências realizadas pela Divisão de Investigação Criminal da PSP do Porto, nos últimos dois meses, dois elementos da organização criminosa foram detidos. Foi detido ainda um terceiro homem, familiar direto de um dos ladrões identificados e que estava ilegal em Portugal. Os outros três elementos do grupo estão a ser procurados.
Os detidos foram apanhados nas duas buscas domiciliárias realizadas nos concelhos de Vila Nova de Gaia e de Paredes.