A investigação que desencadeou a Operação Influencer e subsequente demissão de António Costa e queda do Governo foi liderada por três procuradores do Departamento Central de Investigação Central e Acão Penal (DCIAP).
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Um decano do combate ao crime violento e tráfico de droga, um recém-efetivado especialista em crime económico e um procurador-adjunto que enfrentou a corrupção no DIAP de Loures. Foi esta a equipa escolhida a dedo por Albano Pinto, então diretor do departamento de elite do Ministério Público.
João Paulo Centeno, 56 anos, é o experiente procurador a quem este inquérito foi distribuído em 2019. Natural de Campo Maior, esteve durante cerca de três décadas ligado ao combate ao tráfico de droga e crime violento, tendo inclusive coordenado esta secção do DCIAP e participado em vários casos mediáticos. Foi um dos elementos do Conselho Superior da Magistratura que, em 2009, decidiu a suspensão do procurador Lopes da Mota na sequência de pressões sobre os procuradores que investigavam o caso Freeport.
Em 2018, investigou Abílio Morgado, presidente do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações da República Portuguesa, por alegada violação de segredo de Estado e corrupção, mas o processo acabaria arquivado em 2020. Por fim, acusou Ljubomir Stanisic de corromper um agente da PSP com garrafas de vinho. O mediático chefe seria absolvido por Ivo Rosa.
João Paulo Centeno foi coadjuvado na Operação Influencer por Hugo Neto, 46 anos, um procurador especializado no crime económico que recentemente participou na investigação a Manuel Pinho no âmbito do Caso EDP. Em 2021, liderou buscas judiciais à SAD do F. C. Porto no processo que investiga irregularidades e negócios do futebol desencadeados pelo caso Football Leaks. Apenas se tornou efetivo no DCIAP em setembro.
Com o desenrolar e avolumar da investigação, juntou-se à equipa Ricardo Lamas, procurador de 41 anos, natural de Lisboa, que se tinha distinguido no combate à corrupção no DIAP Loures e que, em 2019, foi transferido para o DCIAP após a inédita saída de cerca de um terço dos procuradores daquele departamento.
Foi esta equipa especial que conduziu a delicada e secreta investigação judicial que, na passada terça-feira, desencadeou na Operação Influencer e na demissão do primeiro-ministro e queda do Governo.