Defesa de sacerdote tenta colar processo a questões financeiras. Família da vítima nega.
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O padre Luís Miguel Costa reclamou "inocência", na quarta-feira, no debate instrutório do caso em que foi acusado de um crime de coação sexual agravada, na forma tentada, e outro de aliciamento de um jovem de 14 anos para fins sexuais. O pároco, de 46 anos, defendeu-se dizendo que o Ministério Público deturpou a verdade.
Quanto às mensagens de cariz sexual enviadas - como "Quero chupar-te" -, o arguido tentou passar a ideia de que se tratou de uma brincadeira e de que as SMS não têm a interpretação negativa que lhe querem dar. Os argumentos são coincidentes aos apresentados durante a investigação.
O padre entrou e saiu calado do Tribunal de Viseu. Já o seu advogado pediu para o padre não servir de "bode expiatório" pelos crimes cometidos pela Igreja Católica ao longo de anos.
"Espero que o meu cliente não seja, nem sirva nunca de bode expiatório para as culpas de quem quer que seja, nomeadamente de instituições", defendeu Paulo Duarte, acrescentando que o seu cliente "deve ser julgado enquanto cidadão, com toda a imparcialidade".
Na instrução, a defesa alegou que a família do menor que acusa o padre de aliciamento sexual está à procura de dinheiro. No processo é exigida uma indemnização de 30 mil euros.
A advogada do jovem, hoje com 15 anos, rejeita a acusação. "Quer os pais, quer os avós do menor são pessoas com uma boa posição económica e que não têm necessidade de dinheiro neste processo", disse Cristiana Rodrigues, salientando que a família do rapaz só quer justiça e que o padre não faça mais vítimas.