O pai de Fernando Valente, o único arguido no caso do homicídio da grávida desaparecida da Murtosa há um ano e meio, saiu da sala de audiências do Palácio da Justiça de Aveiro com um processo-crime, suspeito de prestar falsas declarações em tribunal.
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Manuel Valente terá entrado, aponta o Ministério Público (MP), em sucessivas contradições, tendo em conta aquilo que disse à Polícia Judiciária de Aveiro acerca das dores renais que terá sofrido na noite do desaparecimento de Mónica Silva.
Enquanto testemunha, afirmou que o apartamento da Torreira onde terá sido assassinada Mónica Silva foi limpo apenas com detergente lava-louça simples, contrariando os depoimentos de outras testemunhas que afirmaram que a limpeza foi feita com recurso a hipoclorito de sódio.
A procuradora da República que lidera a equipa de magistrados a representar a acusação do Ministério Público, depois de uma série de advertências, face às contradições das declarações de Manuel Valente, em relação ao que dissera à PJ, já o processou.
Manuel Marques Valente, de 64 anos, casado, empresário, natural de Ovar e residente na Murtosa, não quis usar a prerrogativa de, sendo pai de Fernando Valente, poder recusar-se a prestar declarações no julgamento, mas optou por fazer um depoimento.
À Polícia Judiciária de Aveiro, Manuel Valente afirmou que na noite do desaparecimento de Mónica Silva, em 3 outubro de 2023, no apartamento da Torreira, cerca das três horas da madrugada, acordou, com cólicas renais, pedindo ao filho que fosse buscar a medicação à casa de família, na zona do Cais da Bestida, na Murtosa, o que este fez, demorando cerca de 20 minutos.
Manuel Valente confirmou ter realizado uma limpeza no apartamento da Torreira, mas salientando ter sido uma limpeza ligeira, nas varandas frontal e traseira, com líquido lava-louça e mangueira de água, mas apenas no domingo seguinte, em 8 de outubro, depois do feriado nacional de 5 de Outubro, nunca tendo utilizado material desincrustante, ou qualquer outro produto químico.
Mas há testemunhas que garantem tê-lo visto usar produtos muito corrosivos, nas partes exteriores do apartamento da Torreira, do tipo de soda cáustica, entre as quais uma vizinha, que teve medo de passar no corredor por poderem derreter os seus chinelos.