A Diocese de Leiria-Fátima comunicou às autoridades de segurança que desconhece o paradeiro de 106 jovens que deveriam ser acolhidos em três paróquias para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O gabinete do Sistema de Segurança Interna revela que serão tomadas medidas de monitorização a nível nacional e internacional.
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Num curto comunicado, a diocese informa que “logo que estas não comparências foram sinalizadas, a organização reportou-as às competentes autoridades de segurança que, desde então, têm assumido as diligências exigíveis e necessárias”.
André Baptista, coordenador do Comité Organizador Diocesano e padre da Azoia, uma das paróquias onde foi detetada a situação, não esclarece se os jovens chegaram aos locais onde estavam inscritos ou se saíram, sem avisar, no decorrer dos Dias nas Dioceses, que anteceram o início da JMJ, que começa esta terça-feira. O sacerdote alega que deve ser a polícia a esclarecer “os procedimentos e possíveis investigações feitas”.
Fonte do comando distrital do PSP confirma ao JN que foram reportados casos de jovens que se inscreveram para a JMJ e que não chegaram aos locais de acolhimento. A policia está a “cruzar” informação para tentar perceber se entraram no país ou se nem sequer chegaram a sair dos seus locais do origem. Aquela fonte ressalva, no entanto, que do ponto de vista legal, “não há muito a fazer” dado que, na maioria, os jovens são “maiores de idade” e “têm vistos legais” para entrar em Portugal, que lhe dá a possibilidade de “permanência até 15 de agosto ou meados de setembro".
Além de Azoia, houve casos reportados nas paróquias de Leiria e de Porto de Mós. Neste último caso, o padre José Alves adianta que estavam à espera de 50 jovens cabo-verdianos e que “só apareceram 22”. “Os que vieram não explicaram o que aconteceu aos restantes. Não conseguimos perceber onde ficaram”, adianta o sacerdote.
Em Leiria, o padre Fábio Bernardino dá conta que lhe foram reportados casos de jovens cabo-verdianos que não chegaram a aparecer, deixando as famílias de acolhimento sem saber deles, e outros que abandonaram a paróquia a meio do evento, sem avisar ninguém.
Fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) afirmou à Lusa que este organismo não foi contactado e que os 106 peregrinos não estão em situação irregular, uma vez que têm um visto válido de curta duração, por três meses, pelo que podem circular no espaço Schengen.
Numa nota emitida esta segunda-feira, o gabinete do Sistema de Segurança Interna (SSI) revela que "atendendo ao facto de os cidadãos em causa terem entrado em Portugal de forma legal e com visto válido no espaço Schengen, não se considerando assim, para efeitos legais, que o grupo está desaparecido. Serão, no entanto, tomadas as competentes medidas de monitorização por parte das autoridades envolvidas, quer a nível nacional, quer a nível internacional".
Por sua vez, fonte da GNR disse ao JN que estão em articulação com o comité organizador diocesano para tentar perceber o que possa ter acontecido, reafirmando que os jovens têm visto de permanência no país até três meses.
Na Diocese de Leiria-Fátima estavam inscritos 2069 da Europa, 1710 da América Central e do Sul, 1379 oriundos de África, 798 da Ásia, 677 da América do Norte e 74 da Oceânia. Destes, três mil ficam alojados com 1120 famílias de acolhimento.