Giovani Rodrigues, cabo-verdiano de 21 anos estudante em Bragança, faleceu a 31 de dezembro, na sequência de uma violenta paulada na cabeça. Cinco dos intervenientes numa rixa que resultou em grave lesão cerebral foram detidos pela PJ de Vila Real, que apurou ter sido aquele golpe determinante para a não sobrevivência do jovem, após 10 dias de internamento hospitalar.
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Os cinco indivíduos, com idades entre 22 e 35 anos, também foram indiciados por três tentativas de homicídios contra os amigos da vítima mortal. Foram ontem levados para interrogatório no Tribunal de Bragança e permanecem em prisão preventiva.
A PJ ainda aguarda os resultados dos exames toxicológicos ao cadáver. Mas as conclusões intercalares da autópsia apontam para a ocorrência de uma lesão cerebral, causada por um objeto contundente - provavelmente, uma moca - decisiva para o desfecho fatal .
Estavam alcoolizados
De acordo com informações recolhidas pelo JN, Bruno Coutinho (lenhador), Ângelo Morais (bombeiro), Carlos Rebelo, Nuno Gomes Fará (conhecido como "Espanhol") e outro apelidado de "Renault" - chegou a viver de esmolas - eram conhecidos em Bragança por serem problemáticos. Pelo menos dois já confessaram às autoridades terem participado nas agressões, mas nenhum assume ter utilizado o pau ou uma soqueira (também apreendida) para sovar os estudantes. Garantem que estavam alcoolizados.
O JN sabe que testemunhas descreveram o uso de uma moca nas agressões. Em casa de um arguido foi apreendida a soqueira.
Os indivíduos estavam no bar Lagoa Azul, com outros amigos, na madrugada de 21 de dezembro, quando um empurrão à namorada de Bruno Coutinho, na fila de pagamento da caixa, iniciou as hostilidades. Os agressores culparam o grupo de Giovani pelo empurrão.
Os seguranças terão sanado o conflito, mas os tumultos continuaram à porta. Os quatro estudantes refugiaram-se no bar e tudo indicava que o grupo de cerca de 10 indivíduos tinha ido embora.
Mas cinco deles decidiram que a contenda não iria ficar por ali. Foram aos carros, estacionados nas imediações, buscar pelo menos uma moca, para vingarem-se do empurrão. Por este facto as autoridades entendem que os cinco praticaram os crimes em coautoria, independentemente de quem deu o (ou os) golpe fatal.
Entretanto, os quatro estudantes saíram do bar, pensado que a confusão estava sanada. Mas, a cerca de 300 metros da discoteca, lá estavam os cinco indivíduos que voltaram a espancar os quatro estudantes. Giovani abandonou o local mas acabaria por ser encontrado inanimado, no chão, a alguns metros (ler testemunho na página seguinte).
O estudante ficou em coma 10 dias no Hospital de Santo António, Porto, até falecer.
O diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, afirmou ontem em Vila Real que "contrariamente ao que foi veiculado em termos de redes sociais, não se trata de um crime entre nacionais de um país ou de outro, entre raças". Luís Neves, que agradeceu a colaboração da PSP na investigação, afirmou ainda que a PJ não tem medo de atuar em qualquer cenário ou local do país.
Pormenores
Arma analisada
Uma soqueira apreendida a um dos arguidos, assim como telemóveis e a roupa que vestiam naquele dia, vão agora ser objeto de análises forenses para verificar se existem vestígios biológicos de Giovani.
Imagens no bar
As imagens de videovigilância do bar foram determinantes para perceber o primeiro momento da contenda e identificar cabalmente os intervenientes.
Fugiram do local
Depois das agressões, todos os indivíduos fugiram do local, abandonando as vítimas. Quatro deles vivem na cidade de Bragança e um na aldeia de Alimonde.
Perfil da vítima
Luís Giovani dos Santos Rodrigues, de 21 anos, era natural de Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde. Vivia em Bragança desde outubro e frequentava o curso de Design de Jogos Digitais no IPB. Era pianista. Era de uma família conhecida no seu município, sendo filho do secretário da mesa da Assembleia Municipal de Mosteiros.