O Tribunal de Setúbal condenou, nesta segunda-feira, Lourenço Fernandes a 25 anos de prisão por ter assassinado brutalmente os tios afetivos em Vila Nova de Santo André por causa de um carro que estes o proibiram de usar.
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O crime foi cometido em maio do ano passado, quando o arguido tinha 17 anos. Guilherme Santos, de 74 anos, e Eduarda Fernandes, de 83, foram esfaqueados até à morte por Lourenço Fernandes, agora condenado à pena máxima por dois crimes de homicídio, um qualificado e um simples, bem como um crime de profanação de cadáver e um de condução sem habilitação legal.
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O tribunal considerou que "os traços de personalidade do arguido, mais virada para a prática do mal e não do bem, aproximam-se da psicopatia". "O arguido agiu com um calculismo e frieza que têm que ser punidos sem contemplação pela idade com que cometeu os crimes", concluiu.
Na manhã de 1 de maio de 2020, Lourenço Fernandes chegou a casa de Eduarda e pediu-lhe o carro emprestado, mas a tia (assim a tratava) recusou. Revoltado e na sequência de uma discussão, agrediu a idosa a soco e foi à cozinha da habitação buscar uma faca, com a qual a assassinou brutalmente com dois golpes nas costas e um no peito. Com a vítima no chão, degolou-a e tentou tirar-lhe um olho com a arma branca.
O marido da vítima, Guilherme, chegou depois a casa e deparou-se com a mulher no chão. Foi em seu socorro e, quando estava com ela ao colo, acreditando que ainda estaria viva, foi esfaqueado por Lourenço Fernandes com três golpes no peito.
Livrou-se dos corpos e tirou fotos
Cometido o duplo homicídio, Lourenço enrolou os corpos em mantas e arrastou-os para um anexo da habitação, onde os colocou em cima um do outro, tirando ainda fotografias com o telemóvel. Depois limpou a sala da habitação com lixívia e escondeu as armas do crime e a roupa ensanguentada numa caixa no quarto das vítimas.
Tomou banho, vestiu as roupas do tio e saiu de casa para comprar tabaco. Mais tarde, voltou, comeu e ficou a ver televisão até perto das 21 horas, quando saiu de casa no carro das vítimas para ir ao encontro de dois amigos em Sines.
Lourenço Fernandes acabou por despistar-se com o carro dos avós numa estrada municipal entre Sines e Santiago do Cacém com dois amigos no interior, abandonando a viatura nessa altura.
O alerta para o homicídio foi dado à noite por uma neta das vítimas, que se dirigiu à casa dos avós uma vez que estes não atendiam o telefone. À GNR, a mulher identificou como potencial suspeito Lourenço Fernandes, visto que havia um histórico de discussões por causa do carro, que não se encontrava no local. Os militares encontraram-no num hotel abandonado em Vila Nova de Santo André na companhia dos dois amigos. Foi detido e entregue à PJ de Setúbal.