Perdoa facadas a mulher, mas não evita a sua prisão

Durante a leitura da sentença, a presidente do coletivo de juízes referiu que Poliany Redoan de Matos, que confessou parcialmente os factos, apresenta uma personalidade “disfuncional, com imaturidade, instabilidade, medo do abandono e impulsividade”, mas é capaz de “distinguir o lícito do ilícito”. Ainda assim, deu como não provado o crime de ameaça agravada pelo qual também estava acusada.

No julgamento, a arguida admitiu que sentia ciúmes do companheiro, mas afirmou que ele também a controlava. À saída do tribunal, a sua defesa anunciou que ia recorrer da sentença para o Tribunal da Relação do Porto. “Esperávamos que a pena fosse inferior a cinco anos, para que fosse suspensa na execução. Temos sempre possibilidade de recurso e é isso que vamos fazer”, disse Cristina Martinho.

Segundo a acusação do Ministério Público, a agressora e a vítima, esta de nacionalidade chinesa, mantiveram uma relação de namoro durante dois anos, marcada por “frequentes conflitos” devido aos ciúmes da mulher, natural do Brasil, que culminaram, “várias vezes”, em agressões físicas e verbais sobre o companheiro, “no controlo das pessoas com quem este se relacionava e das mensagens que recebia no seu telemóvel, bem como em frequentes perseguições.”

Neste contexto, a 14 de agosto do ano passado, numa habitação em Santa Cruz do Bispo, e após um novo conflito, Poliany insultou o companheiro, ameaçou-o e agrediu-o com um objeto decorativo.

A seguir, e num momento em que o ofendido se preparava para sair de casa, pretendendo pôr fim à relação, a arguida pegou numa faca de cozinha com 15 centímetros de lâmina” e desferiu-lhe 12 golpes no tórax, face e cabeça, “querendo matá-lo”. Só não o conseguiu, segundo a acusação, porque aquele caiu pelas escadas de acesso à rua, conseguiu-se levantar e procurou imediata ajuda num estabelecimento contíguo.