Perfil da vítima em Portugal: menina, 10 anos, alvo de violência doméstica às mãos dos pais
Menina, portuguesa, com 10 anos, a residir no distrito de Faro e que, nos últimos dois a três anos, foi vítima de violência doméstica, às mãos de um dos pais, na casa da família. É este o perfil-tipo entre as 2595 crianças auxiliadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), no ano passado. Nos dados revelados pela instituição nesta quinta-feira, salienta-se que, além dos pais, em 9% dos casos sinalizados o agressor também era um familiar direto da criança e em quase 6% das situações o criminoso era padrasto/madrasta das vítimas, muitas das quais alvo de abuso sexual.
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No dia em que se assinala o Dia Mundial da Criança, a APAV revelou que, em 2022, prestou auxílio a quase 2600 crianças, número que representa "um aumento de 32% face ao ano anterior". 63% delas foram sujeitas a violência doméstica e mais de 29% sofreram crimes sexuais. "O espaço de segurança e conforto que deveria ser a casa das vítimas é, não raras vezes, transformado num cenário de violência a que crianças e jovens são sujeitos, direta ou indiretamente. A residência comum à vítima e pessoa agressora é o local do crime e/ou violência em 46,7% das situações reportadas", sustenta a APAV.
Na estatística da instituição, mais de 60% das vítimas são meninas e metade delas têm entre 11 e 17 anos. A maioria (82%) tem nacionalidade portuguesa, mas, realçam os técnicos, "evidencia-se também o elevado número de crianças e jovens de nacionalidade americana e brasileira".
Criminosos no seio da família
Vivendo, sobretudo, no distrito de Faro, Lisboa e Braga, 31,6% das crianças e jovens sofreram os crimes à mão dos pais e 9% foram vítimas de tios, primos ou cunhados. Em quase 6% dos casos, o agressor foi o padrasto ou a madrasta. Estes criminosos têm, maioritariamente, entre os 26 e os 55 anos.
Ainda segundo a APAV, mais de 32% das crianças e jovens foram sujeitas a vitimação continuada e muitos (quase 19%) passaram entre dois e três anos a sofrer crimes na residência da família. "O local mais prevalente para as agressões a crianças e jovens foi a residência comum entre vítima e ator/a do crime e/ou violência. Destaque também para a residência do/a autor/a do crime (15,2%) e/ou violência e da vítima (9,3%), bem como para o estabelecimento de ensino (7,3%)", refere o relatório.
Em 34% dos casos apoiados pela APAV, a denúncia do crime foi realizada na GNR.