Um casal de pescadores confirmou esta segunda-feira, no Tribunal de Aveiro, ter testemunhado, quando ia e vinha da pesca na Ria de Aveiro, vários encontros noturnos entre Mónica Silva, a mulher conhecida como a grávida da Murtosa, e o homem que está a ser julgado pela acusação de a ter assassinado em 2023.
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Tais encontros íntimos, no automóvel do arguido, Fernando Valente, foram presenciados por Henrique José Bastos, de 56 anos e mariscador na Ria de Aveiro, tanto sozinho como acompanhado da esposa, no verão de 2023.
O arguido alega que teve relações sexuais com a vítima uma única vez, em janeiro desse ano, negando assim a paternidade do feto. Mónica Silva estava grávida de sete meses quando desapareceu, em 3 de outubro de 2023.
À saída do Palácio da Justiça de Aveiro, o pescador declarou aos jornalistas o que acabara de afirmar dentro da sala de onde decorre, de portas fechadas para o público e os jornalistas, o julgamento de Fernando Valente.
Henrique José Bastos, mariscador na Ria de Aveiro a partir do Porto de Pesca da Torreira, na Murtosa, disse não ter qualquer dúvida serem Mónica Silva e Fernando Valente que estavam em encontros íntimos dentro do carro do arguido. A esposa, Maria Lurdes Bastos, de 57 anos, que não quis prestar declarações aos jornalistas, também terá confirmado, na sala de audiência, que quem estava dentro do carro eram Mónica Silva e Fernando Valente.
“O povo tem medo de falar”
A partir de um comentário nas redes sociais, a seguir ao desaparecimento da grávida da Murtosa, a Polícia Judiciária de Aveiro chegou até ao casal de mariscadores. Henrique José Bastos disse que já conhecia, desde pequenos, Fernando "Gaiolas" e Mónica "Tuinhas", pelo que logo os reconheceu a ambos. Observou ainda que Fernando Valente era “bastante calado e muito tímido”, enquanto Mónica Silva “pintava o cabelo de cor loira, sempre claro, e por outro lado, vestia-se de forma bastante espalhafatosa”.
Henrique disse ainda no seu depoimento, esta segunda-feira, que “muita gente viu” Fernando Valente com Mónica Silva. “Só que o povo tem medo de falar”, disse, referindo que as duas famílias, “Gaiolas” e “Tuinhas”, respetivamente, são conhecidas na Murtosa.