O piloto do helicóptero que caiu ao Douro, na zona de Lamego, em agosto do ano passado, matando cinco elementos da GNR, é suspeito de realizar manobras acrobáticas junto ao rio.
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O homem, que foi constituído arguido por crimes de condução perigosa de meio de transporte por ar e homicídio negligente, foi filmado a realizar uma “rapada”, dias antes do acidente fatal. O piloto, que está proibido de voar, nega as imputações.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a investigação da Polícia Judiciária de Vila Real apurou que, cerca de 15 dias antes do acidente, Luís Rebelo, efetuou uma manobra acrobática, junto ao rio Douro. Tratou-se, na gíria dos pilotos, de uma “rapada”, uma aproximação à terra ou água, considerada como uma manobra imprudente. O momento, sabe o JN, foi captado pelo sistema de videovigilância de um hotel de luxo, situado nas encostas do Douro. Terá voado a cerca de 10 metros do leito do rio, mas, segundo apurámos, o piloto tem uma explicação para a manobra. Alega ter sido obrigado a voar mais baixo que o normal para fugir de correntes térmicas de ar, que poderiam pôr em causa a segurança.
Relatos anteriores
Testemunhas ouvidas pela investigação asseguraram que o mesmo piloto já tinha feito, no passado, manobras acrobáticas semelhantes, na mesma zona. Porém, nenhuma queixa foi feita, nem o homem tem incidentes registados na sua carreira.
O acidente deu-se, na localidade de Cambres, em Lamego, a 30 de agosto do ano passado. Os investigadores estão convencidos de que, nesse dia, o piloto preparava-se para fazer uma manobra semelhante e, por isso, entendeu constituir arguido o homem, de 46 anos, aplicando-lhe a medida de coação de suspensão do exercício de funções e proibição de contactos com as testemunhas do inquérito.
Ao inquérito, tutelado pelo Ministério Público de Coimbra, foi junto um relatório de uma entidade de investigação francesa, que fez uma inspeção aos restos da aeronave a pedido da Airbus. O relatório concluiu não haver sinais de qualquer falha mecânica do aparelho, contrariando a versão do piloto, que declarou ter havido uma falha nos comandos, alegando ter ficado sem possibilidade de mudar a trajetória do meio aéreo. A queda foi filmada pela videovigilância de outro hotel da zona.
Contactado pelo JN, Albano Cunha, advogado do piloto, assegurou que irá demonstrar que o seu cliente não praticou nenhuma manobra perigosa ou negligente.