O ex-presidente do F. C. Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, vai ser inquirido, em declarações para memória futura, no âmbito da Operação Pretoriano, em que o ex-líder da claque Super Dragões está acusado de ter criado um clima de intimidação no período pré-eleitoral do clube.
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Foi a advogada de Fernando Saul, Cristiana Carvalho, quem pediu à juíza de instrução criminal para que o ex-presidente portista fosse ouvido urgentemente, dada a idade avançada da testemunha.
"Considerando a avançada idade da testemunha comprovada através da junção de certidão do respetivo assento de nascimento, integrando a categoria de testemunha especialmente vulnerável, defere-se ao requerido, pelo que se determina que sejam tomadas declarações para memória futura à testemunha Jorge Nuno Lima Pinto da Costa", lê-so no despacho da magistrada Filipa Azevedo, a que o JN teve acesso.
A diligência, marcada para 10 de janeiro, vai decorrer apenas com a presença dos arguidos que queiram assistir e dos seus advogados. Os jornalistas não poderão assistir à audição.
Cristiana Carvalho solicitou a audição de Pinto da Costa por considerar que o ex-presidente portista é uma "figura fundamental e central, como toda a direção anterior do F. C. Porto, que nunca foi ouvida“.
“É importante explicar como as coisas funcionavam, quais eram as funções de cada um, o que é que eles viram, porque estiveram lá. Estranhamente, nunca ninguém foi ouvido e, portanto, atendendo ao estado de saúde e à idade, entendemos que é crucial”, insistiu a advogada.
Assim, as declarações de Pinto da Costa, prestadas em sede de memória futura, irão servir como prova para o julgamento de Fernando Madureira, atualmente em prisão preventiva, e dos restantes arguidos.
Recorde-se que, a 5 de dezembro, a juíza de instrução criminal Filipa Azevedo considerou que “os autos apresentam forte prova indiciária” dos 31 crimes de que são acusados os 12 arguidos - de onde sobressaem Fernando e Sandra Madureira - e permitem concluir que houve uma sólida participação dos arguidos nos tumultos registados na assembleia geral extraordinária do F.C. do Porto realizada em 13 de novembro de 2023.
A magistrada mostrou-se convicta de que os desacatos que levaram à suspensão da reunião magna de associados ocorreram “em concertação e com ordens de Fernando e Sandra Madureira”.
Ao subscrever, “na íntegra”, a acusação do MP, Filipa Azevedo mostrou-se convencida de que o grupo de suspeitos - todos ligados à claque dos Super Dragões, sob a liderança de Fernando Madureira - criou e instigou um ambiente de violência e coação.