A cadeia de Paços de Ferreira foi alvo, na noite desta terça-feira, de buscas efetuadas pela Polícia Judiciária (PJ). Esta diligência surge no âmbito de uma investigação a ameaças, agressões e extorsões relacionadas com o tráfico de droga naquele estabelecimento prisional.
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Um comunicado da PJ confirma que, “nos últimos meses, têm aumentado consideravelmente o número de apreensões de drogas naquele estabelecimento prisional, em especial de drogas sintéticas”, que têm “efeitos extremamente nefastos e muitas vezes imprevisíveis para a saúde humana e ameaçam seriamente a integridade física e psíquica dos consumidores”.
Para combater este fenómeno, a PJ, com a colaboração do Grupo de Intervenção e Segurança da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, realizou de 18 buscas e apreendeu “diversa documentação, telemóveis e outros artigos proibidos”,
Também apreendeu “vários papéis suspeitos de estarem impregnados com canabinoides sintéticos, que vão agora ser submetidos a exames laboratoriais para confirmação”.
Buscas às celas visaram mais de dez presos e estenderam-se pela madrugada
Segundo o JN apurou, as buscas visaram mais de uma dezena de reclusos, começaram logo após o encarceramento dos reclusos nas celas, pelas 20 horas, estenderam-se pela madrugada e só terminaram às 3 horas. Os inspetores da PJ contaram com o auxílio de 40 elementos do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional, tendo sido necessário deslocar o esquadrão de Lisboa desta força de elite para reforçar o esquadrão instalado no Porto.
No final da vistoria às 18 celas, cada uma delas com mais do que um preso, foram apreendidos dezenas de telemóveis e várias folhas A4 (umas em branco e outras com escritos) que a PJ suspeita estarem impregnadas com a droga sintética K4.
Ao JN, o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais, confirma que “o consumo de K4 nas cadeias, sobretudo na de Paços de Ferreira, tem crescido muito nos últimos anos”. E garante que se trata de “um problema grave, que põe em causa a segurança de reclusos e de guardas prisionais”.
Neste contexto, o dirigente sindical defende que nenhuma carta original oriunda do exterior devia ser entregue diretamente aos presos. “Tudo devia ser fotocopiado, como se faz nas cadeias de Inglaterra”, propõe.
Em outubro do ano passado, o JN deu conta que quatro reclusos da cadeia de Paços de Ferreira foram transportados ao hospital, depois de terem consumido K4 no pátio do estabelecimento prisional. Apresentavam todos sinais de agressividade e alucinações.
Um mês depois, também em Paços de Ferreira, os guardas prisionais detetaram um preso com seis folhas de papel A4, impregnadas com este produto estupefaciente, escondidas no ânus. O recluso voltava ao estabelecimento prisional de uma saída precária.