Barco abordado a 40 milhas de Lisboa transportava quase tonelada e meia de droga. Dois tripulantes, um italiano e outro venezuelano, foram detidos
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Um veleiro, de 17 metros de comprimento, partiu da América do Sul com destino à Galiza e era em Espanha que iria descarregar os mais de 1400 quilos de cocaína, avaliados em 42 milhões de euros a preço de revenda e que, na venda ao consumidor, podem ultrapassar os 73 milhões, , que transportava, à vista desarmada, na proa. Mas, a 400 milhas da costa de Lisboa, a embarcação foi abordada por inspetores da Polícia Judiciária (PJ). Além de apreender a droga, a PJ também deteve os únicos dois tripulantes da embarcação.
Segundo o JN apurou, os dois detidos têm cerca de 50 anos, são velejadores experientes, sendo um natural de Itália e o outro com nacionalidade venezuelana. Nenhum deles revelou o porto de partida do veleiro e muito menos os destinatários dos 1470 quilos de cocaína. Apesar do silêncio, ambos foram postos em prisão preventiva, após terem sido interrogados pelo juiz de instrução criminal.
A detenção dos dois velejadores e a apreensão de uma quantidade superior a uma tonelada de cocaína decorreu na semana passada, mas só ontem foi anunciada pelo diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ. Artur Vaz explicou que o veleiro foi sinalizado pela própria PJ a atravessar o oceano Atlântico e, de imediato, levantou suspeitas.
A troca de informação que se seguiu com a National Crime Agency, do Reino Unido, e com a Drugs Enforcement Administration, dos Estados Unidos da América, no âmbito do Maritime Analysis and Operations Centre - Narcotics, organismo sediado em Lisboa, convenceu a PJ a avançar com a abordagem ao veleiro.
Foi, então, acionada a Força Aérea, que localizou o barco suspeito com um dos seus aviões de reconhecimento. Também a Marinha foi chamada para levar os inspetores até ao barco e para, com recurso aos Fuzileiros, garantir a segurança da operação. "Os tripulantes não ofereceram resistência", confirmou o contra-almirante Proença Mendes.
Artur Vaz não tem dúvidas que os 42 milhões de euros em cocaína pertenciam a "uma organização criminosa com muito poder", mas só a investigação em curso permitirá descobrir a identidade dos traficantes.
A PJ também procura apurar se há portugueses envolvidos com um cartel dedicado ao tráfico entre a América do Sul e a Europa.
Droga seria vendida em vários países
Embora a cocaína fosse para descarregar em Espanha, a PJ acredita que a droga seria para vender em vários países europeus.
47 fardos de cocaína
Os 1470 quilos de cocaína estavam distribuídos por 47 fardos. A droga estava acomodada na proa do veleiro.