A Polícia Judiciária desmantelou um laboratório de produção de droga em Santa Maria da Feira e deteve três pessoas, por suspeita de crimes de tráfico de estupefacientes agravado, associação criminosa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos. O laboratório produziria até dez quilos de droga por dia.
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A operação, designada pela PJ de “Cristal Lab”, foi realizada pelo Departamento de Investigação Criminal de Braga, com a colaboração da Diretoria do Norte. De acordo com esta polícia, “permitiu recolher informação e obter vasta matéria indiciária, bem como conseguir a localização de um armazém isolado, em Santa Maria da Feira, no qual funcionava um 'laboratório', de dimensões consideráveis, destinado à transformação de pasta de coca em cloridrato de cocaína”.
A PJ explica que o início da investigação “centrou-se na atividade ilícita desenvolvida por um cidadão estrangeiro, o qual procedia à venda e distribuição de avultadas quantidades de produto estupefaciente, contando com a colaboração de terceiros”.
O homem, que a PJ diz ter utilizando identidade falsa, com a qual titulava uma sociedade comercial, “foi utilizando esquemas aparentemente legais para fazer uso de meios e arrendamento de espaços onde, de forma dissimulada e aparentemente legal, pudesse desenvolver a atividade de aquisição internacional e transformação, em produto estupefaciente”.
Adianta, ainda, que, desencadeada a operação, com a detenção de dois cidadãos estrangeiros e um cidadão português, procedeu-se ao cumprimento de diversos mandados de busca, visando residências e armazéns, constatando-se a presença de abundante material, centenas de litros de químicos, benzinas, ácidos e outros, bem como toda uma estrutura e parafernália apta a produzir, em processo contínuo diário, de entre cinco a dez quilogramas de cocaína.
Na busca ao armazém onde se encontrava o laboratório, estiveram presentes peritos da delegação do Laboratório de Polícia Científica, na Diretoria do Norte.
A operação permitiu, ainda, a apreensão de pasta de coca e cocaína, em quantidade que se estima em cerca de 15 quilogramas, suficientes para 75 mil doses individuais, bem como dezenas de quilogramas de precursores e substâncias de preparação.
Os narcotraficantes estão a optar por importar pasta de coca em vez da tradicional cocaína porque aquele produto base é mais barato na origem. Na América do Sul, um quilo de cocaína custa entre dois à três mil euros, mas a pasta tem um valor que pode ser dez vezes inferior, o que multiplica os lucros das organizações criminosas quando o produto base é transformado em Portugal, onde o quilo de cocaína, vendido em grandes quantidades vale, hoje em dia, entre 23 à 25 mil euros.
A importação da pasta e consequente transformação em laboratórios clandestinos na Europa tem outra vantagem para os traficantes. Conseguem aumentar a rentabilidade porque os laboratórios estão apetrechados com equipamento que permite uma transformação mais rigorosa do produto base em cocaína. O estupefaciente produzido acaba por ser de melhor qualidade e oferece a possibilidade de ser misturado com mais produto de corte, dando origem a mais lucro.
Os narcotraficantes também perceberam que as autoridades europeias têm mais dificuldade em detetar a pasta de coca nas alfândegas. As polícias não estão tão bem formatadas na procura deste tipo de produto, estando mais habituadas na procura da tradicional cocaína.
Para a operação de Santa Maria da Feira, a PJ contou com a colaboração da Guarda Nacional Republicana no apoio operacional e no transporte do material apreendido.
Os três detidos serão levados à autoridade judiciária, para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação.