A Polícia Judiciária está a fazer buscas no Benfica, confirmou ao JN fonte policial.
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A operação está relacionada com o caso da divulgação de correspondência eletrónica associada a elementos do Benfica pelo diretor de informação dos "dragões", Francisco J. Marques, no canal televisivo Porto Canal.
No inquérito investiga-se a prática, por parte de um suspeito, dos referidos crimes, relacionados com os denominados emails do Benfica
Segundo a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, a operação conta com a presença de quatro magistrados do Ministério Público, dois juízes de instrução e 28 elementos da PJ, incluindo inspetores e peritos financeiros e contabilísticos e informáticos. No inquérito investiga-se a prática, por parte de um suspeito, dos crimes de corrupção passiva e ativa.
O Benfica também confirmou a presença de uma equipa de investigação da PJ no Estádio da Luz, encarando estas ações com naturalidade. Ainda ontem, o clube tinha desafiado o Ministério Público e a Polícia Judiciária "a agirem e a resolverem de uma vez por todas o caso dos e-mails". "É absolutamente essencial que o Ministério Público e a Polícia Judiciária venham aqui a esta casa e verifiquem se aquilo que é divulgado pelo Porto Canal corresponde ou não à realidade", disse, a BTV, o porta-voz da equipa de advogados do Benfica, João Correia.
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Recorde-se que no verão, o Ministério Público e a Polícia Judiciária tentaram levar a cabo uma série de buscas, mas o juiz competente do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa recusou-se a emitir os respetivos mandados. A operação foi, naturalmente, cancelada.
Estavam em causa diversas buscas, incluindo algumas domiciliárias, que incidiam sobre o universo benfiquista e a arbitragem, em particular sobre elementos alegadamente envolvidos na troca de emails que indiciaram eventuais crimes de corrupção desportiva que pretenderam favorecer o clube encarnado.
Os mandados foram requeridos por Andrea Marques, procuradora do Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, que é quem detinha a competência legal para fazer tal pedido ao juiz de instrução, mas que, além disso, tem de facto dirigido o inquérito e acompanhado de perto o trabalho da Polícia Judiciária (PJ).
A PJ, através de uma equipa então liderada pelo inspetor-chefe Sacramento Monteiro e coordenada por Pedro Fonseca, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, também estava, naturalmente, interessada em obter recolher prova válida para o caso, denunciado no Porto Canal pelo diretor de comunicação do F.C. Porto, Francisco J. Marques, mas também objeto de uma denúncia ao Ministério Público.
As buscas eram importantes para a investigação, sobretudo, porque os maiores indícios de corrupção conhecidos até então diziam respeito a emails que terão sido obtidos ilicitamente, junto dos sistemas de informáticos de indivíduos ligados ao Benfica, o que faz deles prova proibida em processo penal. A ideia era, portanto, obter prova válida, inclusivamente os emails que já tinham sido divulgados publicamente e outros que também já estavam na posse dos investigadores.
Mas aquela prova proibida terá sido justamente um dos motivos invocados pelo juiz de instrução criminal para se recusar a emitir os mandados de busca. Uma recusa que, segundo noticiou a revista "Sábado", foi assumida pelo juiz Jorge Marques Antunes no seu último dia de serviço na instrução criminal (no âmbito do movimento anual de magistrados judiciais, foi transferido para outro tribunal).
A mesma revista diz ainda que, além do assessor jurídico da SAD do Benfica, Paulo Gonçalves, e do ex-diretor de conteúdos da Benfica TV Pedro Guerra, entre outros, as buscas visariam o próprio líder do clube, Luís Filipe Vieira.
A providência
A semana passada, o Tribunal Cível do Porto recusou dar razão ao Benfica no caso dos emails, ao pedir que o F. C. Porto fosse proibido de continuar a divulgar mensagens alegadamente comprometedoras.
O Benfica anunciou depois que iria recorrer para o Tribunal da Relação da decisão do Tribunal da Comarca do Porto. Os lisboetas classificaram a decisão como "muito grave e absurda num Estado de direito e que justifica e impõe o inevitável recurso imediato para o Tribunal da Relação".
A providência incidia sobre o FC Porto, a SAD do clube e ainda as empresas FC Porto Media e Porto Canal, pedindo que fosse proibida a divulgação de mais emails e o pagamento de um milhão de euros de cada vez que a proibição fosse infringida.
Segundo a sentença, o dirigente 'azul e branco' poderá continuar a divulgar os documentos, uma vez que o Tribunal da Comarca portuense considerou que não existe dano reputacional ou de acordos de patrocínio.