Um submarino carregado com 6,5 toneladas de cocaína foi intercetado pela Polícia Judiciária (PJ) no Oceano Atlântico. A embarcação, construída por um cartel sul-americano, zarpou do Brasil e tinha como destino a Península Ibérica. Transportava, pelo menos, cinco traficantes, que foram detidos.
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Segundo o JN apurou, o submarino será um dos maiores alguma vez construídos para transportar cocaína da América do Sul para a Europa e foi intercetado, na terça-feira pela PJ, com o auxílio da Marinha. A operação decorreu em alto-mar, ainda em águas internacionais, e culminou com a detenção de toda a tripulação da embarcação clandestina. Pelo menos cinco homens, de nacionalidade brasileira, colombiana e espanhola, foram surpreendidos pela ação da PJ e levados, sob detenção, para o navio português.
Também a cocaína, quase sete toneladas, foi transferida para o barco da Marinha que participou na operação levada a cabo. O mesmo navio da Armada portuguesa está a rebocar o submarino para território nacional, sendo previsível que a viagem fique concluída apenas nesta quarta-feira.
A descoberta e abordagem daquele que será um dos maiores narcossubmarinos alguma vez descoberto em águas do continente europeu só foi possível devido à colaboração entre as autoridades portuguesas, brasileiras e espanholas, nomeadamente a Guarda Civil. Todas as forças partilharam informação no âmbito do Centro de Análises e Operações Marítimas (MAOC na sigla inglesa), organismo que junta todas as polícias dedicadas ao combate ao narcotráfico e que tem sede em Lisboa.
Ao JN, a PJ reservou para a conferência de Imprensa desta tarde mais pormenores sobre a "Operação Nautilus", o mesmo acontecendo com a Marinha. "A Marinha, neste momento, não tem comentários a fazer", respondeu fonte oficial da Armada. Já de Espanha, fonte ligada à investigação confirmou a participação da Guarda Civil na operação que levou à descoberta do narcossubmarino.
Diversos submarinos utilizados para o tráfico de droga
Não é a primeira vez que um submarino é usado pelas organizações criminosas internacionais para traficar cocaína da América do Sul para a Península Ibérica. Em março de 2023, uma embarcação deste género foi encontrada vazia na costa da Galiza após ter sido abandonado pela tripulação e, em novembro de 2019, outro narcossubmarino encalhou com três toneladas no interior.
Este último caso foi confirmado, numa entrevista ao JN, pelo então chefe do Estado Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo. O barco teria deixado Portugal para entregar a encomenda de droga na fronteira com Espanha, em Finisterra. Contudo, problemas no combustível terão feito com que o submarino encalhasse.
Já no caso de 2023, o submarino, batizado de "Poseidon" e com cerca de 20 metros de comprimento, foi encontrado na Ría de Arousa, na província de Pontevedra. O alerta foi dado por um pescador, que viu parte da embarcação, já à superfície, a cerca de uma milha da costa. Rapidamente, foram deslocados para o local vários meios, entre os quais elementos do Grupo de Especialistas da Guarda Civil em Atividades Subaquáticas, mas quando estes entraram na embarcação nada encontraram.
A Guarda Civil suspeita, mesmo assim, que o submarino transportou cerca de cinco mil quilos de cocaína, droga que terá sido recolhida por barcos que foram ao seu encontro.