Vítima foi operada e continua internada no serviço de cuidados intensivos do Hospital de Abrantes.
Corpo do artigo
A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria está investigar as circunstâncias do crime sexual que deixou um homem de 52 anos, de Paço da Comenda, Tomar, entre a vida e a morte. E espera que o ofendido, que padece de deficiência mental, abandone os cuidados intensivos do Hospital de Abrantes para o inquirir sobre a agressão sexual violenta, consumada com um objeto contundente. O seu testemunho poderá fornecer pistas para apurar o sucedido há cerca de duas semanas.
"Tendo em conta que o quadro clínico é complexo, só quando estiver melhor e for libertado pelos médicos é que [o homem] poderá ser inquirido", justifica o diretor da PJ de Leiria, Avelino Lima. O dirigente admite, contudo, que o facto de a vítima ter uma "deficiência mental bastante acentuada" poderá dificultar o apuramento dos factos apenas com base no seu depoimento.
Neste contexto, acrescenta Avelino Lima, os inspetores da Judiciária já estiveram no terreno "a tirar a limpo a situação", tendo, desde já, apurado que a agressão sexual decorreu num "local fechado". A investigação da Polícia Judiciária continuará para que seja possível recolher o máximo de prova possível. As prioridades passarão por apurar como foram causados os ferimentos e identificar os responsáveis.
Ânus reconstruído
Enquanto decorrem as diligências investigatórias, a vítima, que correu risco de morte e chegou a estar em coma devido às lesões sofridas, continua internada nos cuidados intensivos. Fonte hospitalar refere que, entre outras intervenções cirúrgicas, o ânus da vítima teve de ser reconstruído devido aos danos provocados pelas agressões sexuais. Estas foram, aliás, classificadas como "muito grandes e muito graves" e fizeram com que a vítima tivesse ficado sem reto.
A mesma fonte assegura que as lesões apresentadas são compatíveis com ferimentos causados por um ferro ou objeto contundente semelhante.
"Doença súbita"
Hoje, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Tomar, Humberto Morgado, contou, ao JN, que o alerta para este caso foi feito através do 112 e, num primeiro momento, descrito como "doença súbita". Disse ainda que os primeiros socorristas a chegar ao local encontraram a vítima "consciente e colaborante" e sem sinais visíveis das lesões que, mais tarde, seriam diagnosticadas.
Deste modo, a vítima foi transportada para o Hospital de Tomar e só depois transferido para o de Abrantes. "Se tivéssemos sido informados [da gravidade da situação], o Centro de Orientação de Doentes Urgentes ter-nos-ia enviado logo para Abrantes. Não havia nada que indicasse essa situação", afirmou Humberto Morgado. O Centro Hospitalar do Médio Tejo, questionado pelo JN, não quis falar do caso.
Reação
Caso desconhecido
A presidente da União de Freguesias de Madalena e Beselga, Luísa Henriques, frisa que teve conhecimento do caso através da comunicação social.
Um pacato fumador
A autarca assegura que a vítima da agressão sexual "não incomodava ninguém, não era mal-educado, nem violento". "Volta e meia, pedia um cigarrinho às pessoas", sublinha.
Indignação
O crime sexual cometido em Paço de Comenda e investigado pela PJ deixou Luísa Henriques indignada. "Como é possível fazerem isto a uma pessoa indefesa?", questiona.