A Polícia Judiciária está a investigar os passos de Brenton Tarrant - australiano que, anteontem, matou 49 pessoas em duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia - em Portugal, quando o atacante visitou o Norte e o Centro do país, designadamente, Tomar, pela ligação à Ordem dos Templários, instituição historicamente conotada com o combate aos muçulmanos.
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A decisão policial surge após o próprio ter dado conta da passagem por território nacional no manifesto que disponibilizou na Internet pouco antes dos atentados.
Aquando da visita, foi apenas mais um dos milhares de turistas a passar pelo Convento de Cristo, não tendo a sua passagem sido referenciada. Agora, em análise, poderão igualmente estar eventuais contactos com elementos ligados a fações radicais de extrema-direita.
Entretanto, as autoridades da Nova Zelândia acusaram Tarrant de assassinato, pelos ataques à mesquita Al Noor e à vizinha mesquita de Linwood, que fizeram também quase meia centena de feridos. O suspeito, que, ao entrar no tribunal, fez um gesto característico dos grupos supremacistas brancos, será novamente presente a tribunal em 5 de abril.
"Atualmente, o homem enfrenta uma acusação de assassinato, mas, obviamente, vamos formular mais", disse a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern.
A governante disse, ainda, que o homem tinha a intenção de continuar com os ataques quando foi detido e descreveu o massacre como um "ataque terrorista".
O gabinete da primeira-ministra confirmou que recebeu de Tarrant, por e-mail, uma cópia do manifesto em que expunha a sua ideologia extremista e justificava a sua ação. O australiano é um dos três presumíveis envolvidos nestes ataques islamofóbicos.
O ex-preparador físico, que obteve uma licença de porte de arma em novembro de 2017, tinha cinco armas, incluindo duas semiautomáticas de estilo militar, com as quais terá perpetrado os ataques.
dois suspeitos detidos
Os outros dois suspeitos permanecem sob custódia, enquanto a Polícia investiga o envolvimento no caso.
O comissário de Polícia Michael Bush disse que as forças de segurança demoraram 36 minutos a prender o indivíduo após a primeira chamada de emergência.
Bush acrescentou que, de momento, não há mais suspeitos procurados pelos ataques, embora avisasse que "isso não significa que não haja" mais envolvidos.
A Polícia da Nova Zelândia está a trabalhar na investigação com a colaboração das agências de segurança e de informação da Austrália.
Christchurch, com cerca de 376 700 habitantes, é a maior cidade da Ilha Sul da Nova Zelândia e a terceira maior do país, localizada na costa leste da ilha e a norte da península de Banks. É a capital da região de Canterbury.
A cidade continua sob um forte dispositivo de segurança, com as áreas das mesquitas isoladas para trabalhos policiais, e as autoridades anunciaram uma reforma legal para regulamentar o uso de armas.
"As nossas leis sobre armas vão mudar", disse a primeira-ministra, explicando que, após as tentativas de as reformar em 2005, 2012 e 2017, "agora é a hora de fazê-lo".
A chefe do Executivo prometeu uma "resposta rápida" do Governo e assegurou que a proibição da posse de armas semiautomáticas deverá ter "efeito imediato".
Atualmente, para possuir armas na Nova Zelândia é preciso ter mais de 16 anos e passar controlos policiais.
O sistema atual permite que as autoridades saibam quem são os donos das armas, mas não o número que possuem nem quais as características.
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