PJ não identificou contactos de "Xuxas" na Colômbia e no Brasil, admite inspetor
A investigação da PJ não identificou pessoas concretas de cartéis de droga colombianos ou brasileiros com quem Rúben Oliveira, conhecido por "Xuxas" e considerado o maior narcotraficante português, tenha contactado nos três anos que durou o inquérito à rede, admitiu esta segunda-feira, em tribunal, um inspetor.
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Tiago Manaia reconheceu ainda que não presenciou qualquer encontro entre Rúben Oliveira e Sérgio Carvalho, tido como o patrão de "Xuxas" e considerado o "Escobar brasileiro".
O português, de 39 anos, está acusado pelo Ministério Público (MP) de ser o líder de um grupo criminoso com "ligações estreitas" ao Comando Vermelho (Brasil) e ao Cartel de Medellín (Colômbia) e "ramificações nos portos de Setúbal, de Sines e de Leixões e no aeroporto de Lisboa". A cocaína terá sido introduzida pela rede em Portugal, desde 2019, dissimulada em importações de fruta e malas de viagem transportadas por via aérea.
Além de Rúben Oliveira, estão a ser julgados no Tribunal Central Criminal de Lisboa mais 18 arguidos, incluindo três empresas. Sérgio Carvalho, atualmente preso na Bélgica para responder em tribunal por crimes ligados ao narcotráfico, não está neste processo.
A acusação está sustentada, sobretudo, em mensagens trocadas entre os arguidos nas plataformas EncroChat e Sky CC, uma espécie de WhatsApp dos criminosos, desmantelados em 2020 pelas autoridades francesas. As conversas foram depois partilhadas com as autoridades portuguesas. As defesas alegam que a prova é ilegal.
Esta segunda-feira, Tiago Manaia confirmou ainda, em resposta a questões do advogado de "Xuxas", Vítor Parente Ribeiro, que não foi apreendida nenhuma arma ao alegado narcotraficante nem constatada a posse de qualquer outro armamento pelo suspeito, preso preventivamente desde junho de 2022 na cadeia de alta segurança de Monsanto, em Lisboa.
O depoimento do inspetor, que ouviu a maioria das conversas intercetadas a Rúben Oliveira e participou em algumas vigilâncias aos arguidos, prossegue esta segunda-feira à tarde.