A Polícia Judiciária soube da denúncia anónima, quatro meses antes do furto nos paióis de Tancos, em 2017, quanto a um eventual furto de material militar, mas o então diretor não teve conhecimento.
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Esta explicação foi dada pelo ex-diretor nacional da PJ José Almeida Rodrigues, numa audição na comissão parlamentar ao furto de Tancos, afirmando que, como dirigente da PJ, tinha 21 diretores adjuntos, em quem confiava, e não acompanhou diretamente esta investigação.
"A PJ teve conhecimento, eu, como diretor nacional, não", afirmou aos deputados durante a reunião em que várias vezes alegou desconhecer pormenores sobre o processo, dado que não o acompanhava, como, por exemplo, o teor concreto da denúncia anónima recebida pela PJ, que foi "arquivada" e a que o juiz Ivo Rosa, de Lisboa, não deu seguimento.
Almeida Rodrigues remeteu mais esclarecimento para o então diretor da Unidade Nacional de Contraterrorismo, Luís Neves, atual diretor da PJ, que será ouvido na próxima semana na comissão parlamentar de inquérito.
Na audição, disse ter sabido do furto, em junho de 2017, através de uma chamada do então diretor da Polícia Judiciária Militar, coronel Luís Vieira, no dia 28, para que fosse divulgada "às congéneres" da PJ a lista do material militar roubado.
O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos, foi noticiado em 29 de junho de 2017 e parte do equipamento foi recuperado quatro meses depois.
O caso ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do crime.
Este processo levou à demissão, ainda em 2018, do ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, e do chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.
A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos, pedida pelo CDS-PP, vai decorrer até junho de 2019, depois de o parlamento prolongar os trabalhos por mais 90 dias.