Dores Meira suspeita de receber 35 mil euros em ajudas de custo por fazer mil quilómetros
A unidade da Polícia Judiciária especializada no combate à corrupção vai interrogar a ex-presidente da Câmara de Setúbal Dores Meira, recandidata ao cargo nas autárquicas do próximo mês, sobre as elevadas quantias que recebeu em ajudas de custo e sobre a utilização que fez dos cartões de crédito que lhe estavam atribuídos.
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De acordo com o jornal "Público", que avança a notícia, a candidata independente apoiada pela coligação PSD/CDS - que pode vir a tornar-se presidente da Câmara no dia 12 de outubro (é a preferida dos setubalenses na sondagem da Pitagórica para o JN, TSF, TVI e CNN Portugal) - deverá ser ouvida como arguida, podendo isso suceder depois das eleições.
Com base na documentação fornecida pelo Município, a Judiciária apurou que, da última vez que governou a Autarquia, entre outubro de 2017 e outubro de 2021, e apesar de ter carro oficial com motorista, a ex-autarca recebeu cerca de 35.500 euros da Câmara a título de ajudas de custo por ter usado a viatura particular em deslocações de serviço que totalizaram 98.500 quilómetros. No entanto, adianta a mesma publicação, as inspeções feitas aos dois carros que tem em seu nome mostram que, ao longo desse período, os veículos não percorreram mais de mil quilómetros.
Além disso, a PJ também detetou várias incongruências relacionadas com viagens para fora do país e concluiu, a partir do registo dos dois cartões de crédito que lhe estavam atribuídos, que Dores Meira parece ter estado em dois sítios diferentes ao mesmo tempo, por várias vezes ao longo desses quatro anos. Um exemplo: no período entre 13 e 23 de março de 2018 reportou encontrar-se em serviço no Brasil, mas, de 22 a 25 desse mês, também se encontraria em Madrid, aponta um dos relatórios da PJ.
Durante o mesmo período de tempo, a ex-presidente da Câmara e candidata terá recebido ajudas de custo relativas a 146 dias de estadia fora do país no valor de 12 mil euros.
Segundo explica o "Público", os inquéritos que visam a ex-autarca, decorrentes de denúncias às autoridades, foram abertos entre 2021 e 2023, mas a falta de meios terá atrasado as diligências. O Ministério Público teve de prorrogar sucessivamente os prazos dados aos inspetores, que apontavam sobrecarga de trabalho, e só há pouco mais de um ano é que os inquéritos foram aglutinados num só processo.