Família transmontana estava na posse de peças com elevado valor histórico, que vão para o Museu da Terra de Miranda.
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São valiosas peças arqueológicas, com uma incalculável importância histórica, cultura e patrimonial. Duas estelas funerárias da época romana foram recuperadas, em Miranda do Douro, pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto, em colaboração com a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN). A investigação permitiu que o Estado pudesse manifestar o direito de preferência e negociar a compra das "lápides" para o Museu da Terra de Miranda. A família, que estava há várias gerações na posse das estelas, desconhecia o seu valor patrimonial.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, há cerca de três meses que a PJ foi alertada para a venda numa plataforma de leilões das peças. Dado o aparente valor das peças, a investigação procurou logo identificar quem anunciava a venda e quem era o proprietário das estelas. Também foi, de imediato, pedida a suspensão da venda.
Apurou-se ser uma família de Miranda do Douro a legítima proprietária das peças. Estavam na posse da família há várias gerações e não sabia do seu verdadeiro valor cultural.
Um parecer da DRCN veio confirmar tratar-se de estelas funerárias da época romana, provenientes da antiga província romana "Hispania Citerior", hoje denominada de arqueossítio de Fonte d'Amador, localizado na povoação de Duas Igrejas, em Miranda do Douro.
A Lei do Património permitiu que o Estado exercesse um direito de preferência de compra e chegou a acordo com a família para adquirir as peças, para as expor no Museu da Terra de Miranda.
Alto valor patrimonial
Para a diretora do Museu, as duas estelas funerárias que a PJ impediu de serem vendidas em leilão "não têm preço porque são peças de arqueologia", explicou ao JN Celina Pinto, sublinhando que o mais importante foi a localização das mesmas.
"O Museu soube que estavam em leilão. Em articulação com a Direção Regional de Cultura do Norte e a Polícia Judiciária, foi possível comprá-las à proprietária. As peças de arqueologia não têm preço", explicou a responsável, que não quis revelar o preço-base pelo qual as estelas funerárias estavam a ser leiloadas. Ao que o JN apurou, o valor-base de licitação era de mil euros mais IVA.
Celina Pinto revelou ainda não ter havido má intenção por parte da proprietária. "Ela nem sabia o verdadeiro valor arqueológico das peças. Não tinha conhecimento histórico, não conseguia situá-las no tempo e no espaço. Agora estarão salvaguardadas e preservadas para fruição de toda a gente, como deve ser", explicou.