Um dos polícias responsáveis pelas buscas à residência do casal Madureira disse, hoje, em tribunal, que encontrou 620 euros no móvel da televisão e, debaixo da cama, um saco de papel com 31.550 euros em dinheiro. O polícia admitiu que, com outros colegas, tem um processo a correr contra o casal por denúncia caluniosa.
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Rui C. explicou que entrou na casa por arrombamento, tendo danificado a porta. O polícia deslocou-se ao quarto do casal, onde estavam Fernando e Sandra Madureira. Na busca, pessoalmente, apreendeu o telemóvel de Fernando, 620 euros que estavam no móvel da televisão e ainda descobriu um saco de papel com 31.550 euros debaixo da cama.
Gonçalo Cerejeira Namora, advogado do casal, questionou o agente sobre se tinha sido apresentada uma queixa pessoalmente contra si e se tinha visto essa queixa. Rui C. explicou que a queixa fora contra os agentes que efetuaram a busca, portanto, contra ele. Disse ainda que não a viu, mas que teve de testemunhar no Ministério Público por causa dela. A queixa foi, entretanto, arquivada, informou o polícia, mas ainda corre termos uma dos agentes por denúncia caluniosa.
O agente, que testemunhou no julgamento da Operação Pretoriano por videoconferência, disse ainda que a apreensão das três viaturas, dois BMW e um Porsche, foi abordada no "briefing" da operação pela equipa de investigação. Por fim disse que não tinha ideia de nenhum procedimento interno de averiguações da PSP relativamente às buscas às filhas do casal.
Queixa de furto arquivada
Outro agente que esteve presente na busca à casa de Fernando e Sandra Madureira adiantou que teve conhecimento de que o casal tinha apresentado uma denúncia por furto de artigos durante a diligência. "Como tal, apresentámos uma queixa por denúncia caluniosa", justificou Paulo C.. O polícia revelou que leu a queixa no momento em que foi apresentar declarações. Questionado pela juíza, o PSP adiantou que "a queixa do furto estará arquivada", se não tiver havido recurso entretanto. "A queixa da denúncia seguiu para acusação, não sei se não foi requerida instrução", explicou. Já no final do depoimento, corrigiu o que tinha dito, revelando que tinha tido conhecimento, “verbalmente”, da queixa contra si por furto e que, formalmente, nunca vira a denúncia. Foi nesse seguimento que, com os colegas, apresentou uma queixa por denúncia caluniosa.
Três a quatro mil euros escondidos em sofá
Paulo C. disse ainda que apreendeu entre três a quatro mil euros que estavam escondidos numa "chaise longue" no quarto do casal. Pessoalmente, ainda encontrou dinheiro nas carteiras das filhas do casal (50 a 60 euros numa e 400 a 500 euros noutra), em cima de um armário na sala (três a quatro mil euros), num quarto interior (1200 euros) e no bolso de um casaco da Sandra Madureira que estava na garagem (200 a 300 euros).
O agente explicou que o computador que estava num carro registado no nome de Sandra Madureira não foi apreendido porque ou estava inoperacional ou pertencia a uma das filhas estudantes. “Foi dada uma justificação e entendemos que não era relevante apreendê-lo”, explicou. Miguel Marques de Oliveira quis saber quem tinha decidido e o porquê, mas o polícia não conseguiu dar uma resposta concreta. “Fomos nós enquanto equipa que decidimos”, respondeu, confessando que não chegou a ligar ao computador. “Nós é que estamos no terreno. Quanto mais prova nós conseguíssemos, melhor. Se a justificação foi considerada suficiente para nós, bem ou mal, foi o que foi decidido”
Paulo C. foi ainda repreendido pela juíza por estar a tapar a cara com as mãos durante o depoimento por videoconferência. O polícia explicou que, para isso, teria estado presencialmente no tribunal. A juíza perguntou-lhe então se ele tinha requerido medidas especiais de proteção de identidade. O polícia disse que não, mas que pedira que fossem tomados alguns cuidados devido a pertencer às equipas de investigação criminal. “Tem medo de alguma represália?”, reforçou a juíza. O polícia não respondeu e aceitou continuar com o depoimento.