A polícia espanhola acredita, com base em testemunhos, que terá sido Eliza-Gabriela Pinto a colocar na bagagem o martelo alegadamente usado pelo marido, Carlos Pinto, para a tentar matar, em Vigo.
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Este facto vem adensar ainda mais o mistério em torno do caso, pois a mulher, de 26 anos, garante ter sido Carlos, de 56, a planear a sua morte, à qual só escapou porque ele teve um enfarte quando a estaria a agredir, com um maço de pedreiro.
As perícias forenses vieram esclarecer as dúvidas que existiam sobre se os ferimentos de Eliza teriam sido efetivamente provocados por aquele martelo, na manhã do dia 2 de maio. Foram mesmo.
Mas as circunstâncias em que as agressões aconteceram suscitam ainda muitas dúvidas à Polícia, apesar de o empresário já estar em prisão preventiva por ordem de um juiz especializado em violência doméstica.
Os investigadores continuam sem perceber, por exemplo, como é que quatro golpes na cabeça, com um martelo, provocam apenas ferimentos que determinaram a alta da alegada vítima pouco depois da sua entrada na unidade hospitalar.
Mas há ainda outras questões cujas respostas fornecidas pela mulher de Carlos Inácio Pinto não satisfazem as autoridades galegas, designadamente sobre quem levou o martelo para o quarto do hotel onde ocorreu a luta conjugal. Eliza diz que foi o marido, à noite, com a desculpa de ir à garagem "buscar o telemóvel", que terá introduzido o martelo no quarto.
No entanto, apurou o JN, a videovigilância do Hotel Palácio, onde o casal se hospedara no dia anterior (domingo, 1 de maio), confirma a descida do milionário português à garagem, tendo-se dirigido ao automóvel mas regressando apenas com uma camisa na mão.
Por outro lado, pessoas ligadas ao casal terão testemunhado que era a jovem quem tratava das bagagens sempre que o casal se deslocava. "E se foi assim também desta vez, só ela poderia ter colocado o martelo numa das malas", confidenciou, ao JN, fonte próxima do processo.
Quanto às horas que antecederam a alegada agressão, nada do que se apurou parece apontar para a possibilidade de um desfecho violento, sendo certo que da cena violenta propriamente dita não há testemunhas.
O empresário e a jovem mulher terão passado a maior parte do tempo no quarto do hotel desde que entraram na tarde de domingo, vivendo horas de intensa paixão. Saíram apenas cerca das 22 horas, tendo descido à receção, onde perguntaram por "um bom restaurante de marisco". Saíram a pé, tendo regressado, "bem-dispostos", duas horas depois.
"Pouco passava das 8 horas", do dia 2 de maio, quando Gabriela saiu aos gritos do quarto, com a cabeça ensanguentada. Para trás e por terra, ficou o marido, vítima de um enfarte.