A Polícia Judiciária Militar (PJM) realizou buscas, esta quarta-feira, na GNR de Loulé, por suspeitas de obtenção ilegal de meios de prova por parte de militares do Núcleo de Investigação Criminal (NIC).
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A operação resulta de uma investigação, tutelada pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, e que teve início em finais do ano passado, após uma denúncia anónima. O JN apurou que também houve buscas nos postos de Faro e de Albufeira, mas Loulé foi o principal foco da ação.
As diligências tiveram início por volta das 9 horas da manhã, altura em que começaram a chegar vários elementos da PJM, magistrados do Ministério Público e o comandante do Comando Territorial de Faro da GNR, coronel Marco Henriques.
Ao longo de todo o dia, foram muitas as movimentações, que denunciaram a constante procura de indícios. Tal como o JN confirmou no local, foram recolhidos documentos, físicos e em suporte digital, que iam sendo retirados do edifício principal da GNR de Loulé, onde está instalado o NIC, e transportados para outra divisão. Alguns dos elementos que procederam às buscas utilizaram luvas e máquinas fotográficas. Todo o material apreendido irá ser analisado.
Ao início da noite, as operações ainda decorriam, sem hora prevista para acabar, e sem indicação de detenções ou arguidos constituídos.
Contactadas pelo JN, fontes oficiais da PJM e da GNR confirmaram que há uma investigação em curso, tutelada pelo DIAP Regional de Évora, mas não adiantaram pormenores.
O comando-geral da GNR confirmou, ainda, que foi confrontado com as diligências da PJM em vários postos do Comando Territorial de Faro da GNR e adiantou que foi ordenada a abertura de um “processo interno” de âmbito disciplinar, uma vez que está em causa uma investigação à atuação de elementos da Guarda.
O JN apurou que, pelo teor e pormenores descritos, há suspeitas de que a denúncia anónima tenha partido de alguém da própria GNR e que conhece o funcionamento interno da instituição. No entanto, só a investigação em curso poderá apurar a veracidade das afirmações.
Esta não é a primeira vez que o NIC de Loulé está debaixo de olho. Em setembro de 2018, três militares, incluindo o chefe da investigação criminal, foram detidos e mais tarde condenados no âmbito do processo do furto e recuperação de armas militares dos paióis de Tancos.